PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Costume tradicional dos gaúchos, o churrasco de domingo continuou acontecendo depois da alta da carne bovina, mas com algumas mudanças no cardápio.
"A venda de carvão não caiu, os gaúchos continuam comprando para o churrasco. O setor vem fazendo promoção de salsichão, pão de alho, batata. No lugar do corte nobre, entra a agulha, o frango e o suíno", conta Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados.
A oferta de cortes como coxão de dentro, normalmente não exportado, é um fator que colabora para congelar a tabela no supermercado.
O aumento de preços, porém, é comemorado na outra ponta. Assim como nos demais setores econômicos, a procura pela carne brasileira "gera sensação de otimismo" nos produtores. Depois de um período de desvalorização da carne, eles passaram a investir mais, explica Eduardo Eichenberg, vice-presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford.
"Existe espaço para aumentar a produtividade dentro das áreas já ocupadas por rebanhos, investindo em uma genética melhor, manejo, renovação de pastagem e adubação. Com o valor depreciado, os pecuaristas não tinham ânimo para investir", diz.
A alta da carne bovina já era esperada com as festas de fim de ano e o 13º salário. A demanda da China agravou o cenário para o brasileiro. Dezembro ainda é um mês com menos oferta: o gado da região setentrional começa a ser preparado para o abate em janeiro e fevereiro, enquanto o gado do sul foi abatido em outubro, depois da engorda nos campos de inverno.