No momento em que os passageiros do último avião da noite desembarcavam no aeroporto antigo, as portas do novo terminal do Floripa Airport já estavam abertas para os primeiros passageiros dos voos desta terça-feira (1º). A pista, vazia, esperava aviões.
A estreia do novo aeroporto de Florianópolis coube a um voo da Latam para Guarulhos (SP), que decolou por volta das 4h10min. Um grupo de estudantes de Direito da Univali que embarcaria para uma viagem técnica a Brasília fez elogios ao novo terminal e também sugestões, como mais poltronas no saguão de check-in.
O administrador Lucas Clivati e o pai, o engenheiro Ney Clivati, chegaram cedo para evitar problemas no acesso ao novo endereço do aeroporto e ficaram admirados com o porte do novo prédio.
O comissário de bordo Leandro Canuto, morador de Florianópolis, fez questão de registrar fotos e vídeos antes de embarcar para trabalhar no primeiro voo saindo do novo terminal.
— Ficou maravilhoso, padrão de primeiro mundo. Vai melhorar bastante. Para mim, que moro em Florianópolis, é um orgulho saber que vou poder fazer o primeiro voo — contou.
O primeiro passageiro a passar pelo balcão de embarque para um voo a partir do novo terminal foi Eduardo Guedes, 65 anos. Morador de Florianópolis, ele elogiou a nova estrutura, mas não escondeu a ansiedade que o novo aeroporto despertava.
— Ficou bonito, mas já deveria estar pronto há mais tempo. A cidade precisava muito de um terminal assim — ressaltou.
Na mesma fila para o embarque, o industriário Márcio Muller, 50, esperava o voo para retornar para Santos após visitar a família em Florianópolis.
— Está tudo cheirando a novo, né? O embarque com o túnel de acesso, com mais conforto. Facilita bastante — avaliou.
Como foi a transição
Quando o último avião a decolar com passageiros embarcados no terminal antigo do aeroporto de Florianópolis alçou voo, à 0h10min desta terça-feira, foi a vez das aeronaves mudarem de casa. Assim que a pista foi liberada, uma espécie de comboio de aviões passou a circular a área de manobra. Dez aeronaves que estavam estacionadas trocavam o pátio do terminal antigo pelo novo. De duas em duas, eram rebocadas e viravam a cauda para o terminal desativado nesta segunda-feira, taxiando em direção às novas vagas.
Nos portões de embarque, caminhões de mudança transportavam as últimas poltronas em que os passageiros costumam esperar os voos. Na área de check-in, as lojas e guichês já restavam fechados desde o fim da tarde.
Assim foi a transição da operação do prédio antigo para o novo terminal de passageiros do Aeroporto Hercílio Luz. À 0h40min, o último voo oficial do antigo terminal tocou o solo, com os derradeiros passageiros a desembarcarem no terminal semivazio que se despedia. Evel Costa, 38 anos, funcionário da área de controladoria de uma empresa do ramo frigorífico, foi o último passageiro a desembarcar no terminal antigo. Ele morou quando criança em Florianópolis e há um ano e meio voltou a residir na Ilha. Na madrugada desta terça, voltava de férias no Mato Grosso com a esposa e a filha de seis meses quando desembarcou pela última vez no prédio que virou história.
— Acho que vai melhorar bastante com o novo terminal. Esse aqui já estava apertado, para quem viaja com criança é ainda mais complicado — avaliou.
O terminal que cerrou as portas após o desembarque de Evel teve o prestígio arranhado nos últimos tempos por avaliações pouco lisonjeiras como "aeroporto com cara de rodoviária". Mas bons momentos também aterrissaram no prédio do Aeroporto Hercílio Luz. Foi por ali que o tenista Gustavo Kuerten voltou para casa depois dos três títulos de Roland Garros, entre o fim dos anos 1990 e o início dos 2000.
Gerou trabalho e renda para moradores do bairro Carianos. Ali ao lado, na pista da base aérea, embrião de toda a estrutura aeroportuária que se desenvolveu desde 1927 na região da Ressacada, foi onde desembarcou o papa João Paulo II na visita a Florianópolis em 1992. Quando o terminal se tornou internacional, em 1995, tornou-se a principal porta de entrada para nossos vizinhos argentinos e outros sul-americanos que cada vez mais passaram a coabitar e contribuir com a expansão de Floripa.
Mas os tempos são outros. Gratidão à parte, era quase um consenso no turismo de Florianópolis que, nesses tempos, o antigo terminal não era mais suficiente. O prédio, agora, fica destinado apenas a apoio a operações de carga enquanto a administração avalia como aproveitá-lo.
No Hercílio Luz em que ex-governadores e lideranças políticas nacionais viajaram nos últimos 43 anos, a política esteve representada por prefeitos. O de Chapecó, Luciano Buligon, embarcou no último voo partindo do terminal antigo. O de Florianópolis, Gean Loureiro, decolou no segundo voo do novo aeroporto, com destino a Brasília, onde tem reuniões marcadas.
— É uma superestrutura, de um aeroporto referência em todo o país. O conforto ao usuário também é inigualável. Para quem vivia uma situação muito acanhada no antigo terminal, ter uma estrutura dessas, com melhor acessibilidade, conforto, check-in mais rápido, embarque e desembarque seguro, protegido do sol. Mas o mais importante é o desenvolvimento econômico que o novo aeroporto traz para Florianópolis — apontou.