O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) realizam operação, na manhã desta quinta-feira (3), para investigar o vazamento de resultados de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central entre os anos de 2010 e 2012. Um mandado de busca e apreensão está sendo cumprido na sede do banco BTG Pactual, em São Paulo.
Conforme o MPF, a investigação teve início com a delação premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci. Está sendo apurado o fornecimento de informações sigilosas sobre alterações na taxa básica de juro, a Selic, em favor de um fundo de investimento administrado pelo BTG — e que teria obtido "lucros extraordinários" de dezenas de milhões de reais.
Os procuradores e policiais investigam as possíveis práticas dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, informação privilegiada e lavagem de dinheiro. Ainda segundo o MPF, os detalhes do inquérito policial seguem em segredo de Justiça.
O período mencionado abarca tanto as presidências de Henrique Meirelles à frente do Banco Central (2003 a 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quanto de Alexandre Tombini no comando da autoridade monetária (2011 a junho de 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff).
Segundo Palocci delatou, o então ministro da Fazenda Guido Mantega passava as informações para o banqueiro André Esteves. Em contra partida, o banqueiro pagava propina para o ministro e para o PT.
Durante o período dos vazamentos, Palocci não tinha atuação direta sobre o Copom ou o Banco Central. Em 2010, ele era deputado federal, no ano seguinte ministro da Casa Civil e em 2012 consultor, mas ele afirmou aos delegados da PF que tinha conhecimento sobre os casos por se manter muito próximo a Lula e à cúpula do PT.
As units (grupo de ações) do BTG Pactual chegaram a cair 10% após a divulgação da notícia. Às 11h40min, os papéis tinham queda de 6,9%, a R$ 52,14.
Contrapontos
O Banco BTG Pactual divulgou nota afirmando que "exerceu apenas o papel de administrador do referido fundo, não tendo qualquer poder de gestão ou participação no mesmo".
Já o Banco Central afirmou "que não foi comunicado sobre o conteúdo da Operação Estrela Cadente, que corre sob segredo de Justiça".
O ex-ministro Guido Mantega ainda não se manifestou.