O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a companhia não fará novos investimentos na produção de energias renováveis. O executivo repetiu em entrevista coletiva que o objetivo da companhia é priorizar a produção de petróleo e reafirmou a possibilidade de reduzir à zero as participações da estatal na BR Distribuidora, na Gaspetro e na logística e transporte de gás.
Em relação à energia renovável, Castello Branco defendeu que "é um negócio que requer competências diferentes do negócio de petróleo e gás".
— Não vamos investir em operações (de renováveis) porque é um negócio que requer competências diferentes do negócio de petróleo e gás. Se entrarmos nesse jogo, temos que entrar para ganhar. Não entrar açodadamente só porque os outros estão fazendo. É proibido perder dinheiro — disse Castello Branco, que declarou que vai manter a pesquisa no setor.
Ele afirmou ainda que — entre as concorrentes internacionais do setor de óleo e gás — há "muito marketing e poucas ações de fato" no investimento em renováveis.
— Se formos ver as companhias europeias, que são as principais que focam no negócio de energia renováveis, a projeção da participação de energia renováveis em suas receitas em 2030 é 1%, no máximo 1,5%. Na prática não é tudo isso — disse Castello Branco.
O presidente da estatal disse que vai manter pesquisas na área, algumas em conjunto com a francesa Total.
Ainda há muita divergência sobre quando a transição energética ocorrerá de fato, mas a aceleração dos investimentos de petroleiras em energia renovável é um forte indicador do que as empresas têm como perspectiva.
A Shell criou há cerca de dois anos sua linha de negócios focada em novas energias, que inclui investimentos em novos combustíveis e em energia elétrica, principalmente na aquisição e construção de usinas solares e eólicas.
Em maio passado, a norueguesa Statoil tomou uma decisão radical e mudou seu nome para Equinor — tirando a referência a "óleo" de sua marca. A companhia anunciou que até 2030 vai direcionar 20% de seus investimentos globais para energias renováveis.
O Brasil tem sido alvo de grande parte desses investimentos das companhias petroleiras, principalmente por seu potencial natural.
Selo da bolsa é "irrelevante"
Castello Branco também reduziu a relevância do programa da bolsa brasileira, a B3, criado para atestar esforços de empresas estatais do país que buscam melhorar a governança. Ele classificou o Programa Destaque em Governança de Estatais da B3 como "irrelevante" e afirmou que tem como parâmetro de governança "os melhores do mundo, não um grupo específico".
— Não estamos fazendo estudos nenhum de se é bom ou ruim ficar lá no destaque das estatais. Não tem nenhum valor. É como disputar a série C do Brasileiro. Queremos disputar as Champions League — disse ele.
Castello Branco também disse que não vê importância na presença da Petrobras no programa como forma de impulsionar a governança nas demais estatais.
— Queremos nos espelhar nos melhores do mundo, não num grupo específico. Não está decidido nada. Isso é irrelevante — disse ele.