SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A rede de livrarias Saraiva aceitou a exigência de um grupo de credores da companhia e concordou em afastar o presidente da empresa, Jorge Saraiva Neto, para conseguir aprovar seu plano de recuperação judicial, pedido pela marca em novembro de 2018.
Sem condições de honrar dívidas de R$ 674 milhões, a Saraiva entrou com pedido de recuperação judicial em novembro de 2018.
A reivindicação, que vem sendo discutida há pelo menos 20 dias e foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo, era um pleito de 21 editoras de livros, entre as quais líderes de mercado como Companhia das Letras, Melhoramentos, Nova Fronteira, Moderna, FTD e outras.
O impasse nas negociações levou a Saraiva a adiar sucessivas vezes a data de sua assembleia de credores para votação do plano de recuperação. A data mais recente prevista para a reunião era a última sexta-feira (23), mas foi adiada novamente.
No domingo (25), a Saraiva aceitou afastar a família fundadora da gestão da empresa e apresentou nesta segunda (26) uma nova versão do plano, que será submetida aos credores na próxima quinta-feira (29).
Pelo documento, a rede de livrarias se compromete a contratar em até 20 dias depois da homologação do plano uma empresa de recrutamento que será responsável por elaborar uma lista tríplice de indicados para o cargo de presidente da empresa.
Além disso, a consultoria contratada vai indicar nove profissionais para ao menos uma vaga de membro independente do conselho de administração da marca. Desses, os credores poderão vetar quatro dos nomes.
Hoje, o conselho tem seis assentos, mas passará a contar com cinco nomes. Na composição atual, dois membros são independentes e os outros quatro são membros da família Saraiva, que controla a companhia.
Pelo novo plano apresentado pela Saraiva, o conselho terá dois membros escolhidos pela família Saraiva livremente, um escolhido pelos controladores dentre os profissionais não vetados pelos credores e dois pelos acionistas minoritários, preferencialmente dentre nomes da lista dos credores.
É o novo conselho que escolherá quem sucederá Jorge Saraiva Neto.
Se o plano não for aprovado pelos credores, a Justiça pode decretar a falência da companhia.
O novo plano de recuperação também prevê que fornecedores considerados "incentivadores" pela empresa possam se tornar acionistas da Saraiva. São enquadrados nessa categoria aqueles que mantenham contratos de fornecimento nas condições praticadas e topem conceder crédito de ao menos 35% do valor do crédito detido e prazo mínimo de 60 dias para pagamento.
A conversão para ações da empresa se dará na proporção de 21% de ações ordinárias (que dão direito a voto) e 79% de preferenciais (sem direito a voto).
Procurada pela reportagem, a Saraiva empresa não se pronunciou.