A Azul indica que vai apostar forte na ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo, o trecho aéreo mais lucrativo do país. A companhia —que entrou na rota depois que herdou slots da Avianca nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont — solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar na ponte com o Airbus A320neo.
Com capacidade para até 174 passageiros em classe econômica, esse avião já é operado pela Azul em rotas que partem de seus três hubs — Viracopos, Confins e Recife — e é o mais moderno da frota de curta e média distância da companhia. Por ser maior que o Embraer E-195 — que leva até 118 passageiros e era a outra opção da Azul para a rota — o A320neo reduz o custo por passageiro da operação, o que potencializa a lucratividade.
Para pousar no Santos Dumont (RJ) — aeroporto considerado crítico por ter uma pista mais curta, com 1.323 metros de comprimento — aviões do porte do Airbus A320 e do Boeing 737, maiores que os Embraer, precisam de adaptações especiais. A Gol teve de pedir à Boeing um pacote específico para os freios do 737 chamado SFP (Short Field Performance).
Foi apenas em maio deste ano que um A320 pousou no aeroporto carioca, com a Latam, que também instalou adaptações nas asas e motores. Até então, a empresa e a Avianca operavam o irmão menor A319 na ponte aérea. Já o A320neo da Azul recebeu modificações conhecidas como Sharp (Short Airfield Package), também destinado à operação em pistas curtas.
Desde que a Avianca entrou em recuperação judicial e efetivamente deixou de operar voos, apenas Latam e Gol estavam voando na ponte aérea, uma concentração inédita nos 60 anos da ligação entre Congonhas e Santos Dumont.
A competição pelo espólio da Avianca azedou de vez o clima entre as três grandes companhias remanescentes, levando inclusive à saída da Azul da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), fundada pelas quatro em 2012.