O desembargador Ricardo Negrão, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), suspendeu nesta segunda-feira (6), por meio de uma liminar, o leilão de ativos da Avianca Brasil, previsto para esta terça (7). O magistrado atendeu parcialmente a um pedido da credora Swissport, que busca anular o plano de recuperação judicial aprovado.
A empresa afirma que o acordo do fundo Elliott, maior credor da companhia aérea, com Gol e Latam, representa um conflito de interesses, já que o acordo previu o recebimento de valores pelo fundo antes mesmo da aprovação do plano. A Swissport também questiona a legalidade de leiloar slots (autorizações de pousos e decolagens), que não são ativos da Avianca.
Negrão decidiu suspender o pregão previsto para esta terça e remeter os questionamentos da Swissport à decisão do colegiado do TJ-SP.
Procurada, a Avianca Brasil não comentou a liminar.
Plano de recuperação
A companhia entrou em recuperação judicial em dezembro de 2018 depois que uma série de empresas de leasing entrar na Justiça para retomar aviões e peças da Avianca por dívidas de arrendamentos.
A empresa, que tinha 50 aviões em fevereiro, ficou com apenas 6 após perder as aeronaves por inadimplência. A empresa cancelou rotas e voos e não tem cumprido em todos os casos as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que exigem oferta de reembolso integral em caso de cancelamentos e de hospedagem em casos de atrasos superiores a quatro horas.
O Ministério Público Federal (MPF) enviou na última quinta-feira (2) um pedido à Anac e à Avianca Brasil para que ambas esclareçam as medidas que tomam para mitigar prejuízos causados aos passageiros que tiveram voos cancelados ou atrasados.
Pela proposta aprovada por 78% dos credores da Avianca em assembleia, a companhia será fatiada em sete UPIs (unidades que não incluem dívidas), que serão leiloadas. Os recursos obtidos pagarão parte das dívidas de R$ 2,7 bilhões da aérea com credores.
Seis das UPIs contêm slots de aeroportos como os de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A sétima inclui o programa de fidelidade da aérea.
Pelo plano, a companhia deverá pagar primeiramente os empréstimos que recebeu após o pedido de recuperação judicial, formalizado em dezembro de 2018. Entre os montantes, está o valor emprestado por Azul, Gol e Latam.
Em seguida, seriam quitadas as dívidas trabalhistas. Os que têm a receber até R$ 650 mil seriam ressarcidos integralmente. Na sequência, seriam pagas as despesas processuais da recuperação e, só depois, os credores — que, segundo o documento, devem receber um pagamento de R$ 10 mil.