Economia

Recuo

Nunca tivemos tanta abertura com um governo, diz líder dos caminhoneiros

Landim ganhou destaque como um dos líderes dos motoristas que paralisaram as estradas do país em maio de 2018

Folhapress

O caminhoneiro Wallace Landin, o Chorão, está grato. Desde a noite de quinta (11), ele tem escrito em grupos de WhatsApp com membros do governo palavras em agradecimento ao ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, e general Floriano Peixoto, da Secretaria-Geral da Presidência.

"Foram os dois que levaram as nossas demandas para o presidente (Bolsonaro)", diz.

Landim ganhou destaque como um dos líderes dos motoristas que paralisaram as estradas do país em maio de 2018.

— A gente nunca teve isso. Hoje, graças a Deus, nós temos um diálogo, direto com a Casa Civil — diz.

Landim conta que ainda não teve suas as mensagens respondidas, mas diz que entende:

— Deve estar uma loucura lá para o pessoal.

Além dos grupos com funcionários dos ministérios, Landim esteve com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), na quinta-feira (5), e expôs a preocupação dos caminhoneiros com a possibilidade de haver um reajuste muito alto depois de 15 dias.

No fim de março, sob ameaça de nova paralisação dos caminhoneiros, o governo pediu à estatal mudanças em sua política de preços para o diesel, que passou a respeitar prazos mínimos de 15 dias sem reajustes.

Landim afirmou que o ministro o acalmou.

— Fica tranquilo, o presidente está sabendo das demandas da categoria — teria dito Freitas.

O anúncio do aumento de 5,7% no diesel causou surpresa às lideranças dos caminhoneiros. À noite, a estatal voltou atrás.

— A categoria vem sofrendo muitas dificuldades, os atravessadores não estão pagando o piso mínimo de frete. Se viesse um aumento no óleo diesel, o pessoal ia ficar louco — afirmou Landim sobre a possibilidade de novas manifestações caso o preço do combustível aumentasse.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) disse o mesmo.

Em nota, o órgão afirmou que a intervenção do governo "apazigua a insatisfação do caminhoneiro autônomo em relação aos altos custos da operação, uma vez que a categoria enfrenta dificuldades em repassá-los através da lei do piso mínimo do frete".

O caminhoneiro Plínio Dias, presidente do Sinditac-PR (Sindicato dos Transportadores Autônomos do Paraná), afirmou que a revogação na alta dos preços foi "um grande passo, [mostra que] o governo entende que nossa categoria está ainda em um caos".

Porém, ele diz que ainda faltam muitas leis a serem compridas. Dias liderou uma carreata no final de março em Curitiba.

Landim diz que luta para que haja uma mudança na política de preços da Petrobras e redução do lucro da estatal. Para o caminhoneiro, o governo deveria dar algum tipo de desconto ou subsídio para os caminhoneiros autônomos.

— O cartão-caminhoneiro não resolve o nosso problema. Vai beneficiar as grandes transportadoras que conseguem antecipar a compra de diesel. O autônomo vende a janta para comprar o almoço — afirma.

No formato pré-pago, o cartão foi anunciado por Bolsonaro como uma das medidas para aumentar a previsibilidade de gastos com o frete.

O subsídio negociado durante o governo Temer, e que durou até janeiro, também não é o melhor caminho, segundo Landim.

— Isso beneficia todo mundo porque diminui o preço do diesel em geral. E as transportadoras saem ganhando mais porque conseguem fazer acordos diretos com a Petrobras. O mais fraco é o caminhoneiro autônomo, que morre com o preço final na bomba.

Para o presidente da CNTA, a periodicidade mais viável de reajuste seria a cada 30 dias, seguindo o acordo feito com o governo Temer durante a paralisação e cumprida até o final de 2018.

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