BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Parlamentares de oposição lançaram nesta quarta-feira (20) uma frente parlamentar mista contra a reforma da Previdência.
Os organizadores dizem que que 171 deputados (33% do total) e 27 senadores (também 33%) assinaram a lista para a implantação da frente. O documento não foi apresentado, mas nomes foram citados, como os dos deputados Jandira Feghali (PC do B-RJ), Alessandro Molon (PSB-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e dos senadores Rogerio Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA), Paulo Rocha (PT-PA) e Zenaide Maia (PROS-RN).
Para aprovar a reforma, é necessário o apoio de dois terços dos congressistas, em duas votações na Câmara e no Senado.
Além disso, 92 entidades, entre sindicatos, federações, confederações e centrais que representam os servidores públicos, participam da mobilização da frente, que acusa o governo de querer desmontar o atual sistema previdenciário.
Um dos coordenadores da frente, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirma que 30 senadores aceitaram assinar o pedido de abertura, porém com o argumento de defender a Previdência Social.
Embora seja um termômetro da capacidade de mobilização da oposição, não é possível garantir que todos os signatários votarão contra a proposta do governo.
Para Paim, há dois pontos críticos que não passam pelo crivo dos parlamentares: a criação do regime de capitalização e as mudanças no benefício para idosos em situação de miséria.
Categorias que representam os servidores afirmam que a capitalização (em que a aposentadoria é resultado da poupança individual do trabalhador) inviabiliza o atual regime de repartição (em que os trabalhadores da ativa ajudam a pagar as aposentadorias).
"Se o governo insistir na proposta do jeito que está, não passa", afirmou.
Com o lançamento da frente, as entidades que representam os servidores públicos também começam a se organizar contra a reforma.
Além da capitalização, as corporações têm críticas ao discurso do governo de que a reforma combate privilégios.
"Os servidores contribuem para a Previdência mesmo após a aposentadoria, o que nenhuma outra categoria faz. Isso não é ser privilegiado", disse Ângela Luna, da Atens (associação dos técnicos das universidades federais).