Os países da União Europeia decidiram na quarta, 16, impor novas barreiras contra o aço brasileiro e de outros países, em linha com o que já fez o presidente norte-americano Donald Trump. Todas as importações de aço ficarão sujeitas a uma cota até julho de 2021. O volume que ultrapassar o teto será taxado em 25%. Os países da União Europeia respondem por 18% das exportações brasileiras de aço.
O bloco já havia instituído provisoriamente medidas de "salvaguarda" sobre as importações de produtos siderúrgicos em julho do ano passado, com prazo até 4 de fevereiro. As medidas agora serão ampliadas. Em Genebra, diversos governos já falam em uma ação conjunta na Organização Mundial do Comércio contra Bruxelas.
A medida, segundo os europeus, é uma resposta ao fluxo de produtos siderúrgicos que passou a inundar o mercado local depois que o governo Trump decidiu erguer barreiras ao aço mundial. Com isso, dizem os europeus, a produção que teria o mercado americano como destino foi redirecionada para a Europa.
O Brasil exportou em 2018, 14 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, o que equivale a US$ 8,9 bilhões. Desse total, 2,1 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos foram exportados para a União Europeia, cerca de US$ 1,4 bilhão.
Pela proposta da Comissão Europeia, um total de 26 produtos siderúrgicos seriam taxados. A China sofrerá restrições em 16 produtos diferentes, contra 17 da Turquia e 15 da Índia. No caso do Brasil, sete produtos dos 26 possíveis serão alvos de barreira, entre eles chapas, lâminas e certos tubos.
"Tentamos conseguir um equilíbrio entre os interesses dos produtores europeus de aço e seus usuários", diz a nota da UE. O bloco também insistiu que não visou qualquer país em específico.
Para o Brasil, a cota oferecida para laminados, por exemplo, começará com 168 mil toneladas e, em três anos, passaria para 176 mil toneladas. Ucrânia e Coreia terão uma cota maior, com base em sua participação no mercado.
No setor de folhas metálicas, a cota ao Brasil é de cerca de 50 mil toneladas, enquanto a China ganhará uma cota de mais de 400 mil toneladas. Tudo o que passar desses volumes receberá uma taxa extra de 25%, o que praticamente inviabilizaria a exportação nacional.
Entre 2013 e 2018, os europeus alegam que os produtos importados passaram de uma fatia de 12% do mercado local para 18%. Em volume, a importação praticamente dobrou.
Diplomatas brasileiros confirmaram que estão em negociações com a Comissão para tentar excluir um ou dois produtos.
Resistência. Nem todos na UE, porém, estão satisfeitos com a medida. Numa carta enviada ainda no início do processo de investigação, no ano passado, indústrias europeias que usam aço alertaram que a imposição de novas barreiras "não era de interesse da Europa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.