No mesmo dia em que inaugurou o primeiro de seus empreendimentos previstos para São Leopoldo, a Stihl confirmou o próximo projeto a ser realizado no Vale do Sinos. Na tarde desta segunda-feira (5), além de apresentar a estrutura do novo centro de pesquisa e desenvolvimento, a empresa de origem alemã informou que, no segundo semestre de 2019, deverá iniciar a construção de prédio destinado à produção de motores. Sem detalhar o valor do segundo aporte, o presidente da Stihl Brasil, Cláudio Guenther, disse que a estrutura ficará pronta em 2020.
Tanto o centro de pesquisa quanto o complexo de produção de motores integram pacote de investimentos que somam R$ 500 milhões na fábrica de São Leopoldo. A projeção da companhia, que desenvolve ferramentas como motosserras, cortadores de grama e roçadeiras, é de que os aportes no Estado alcancem a quantia total até 2023.
Em área de 14 mil metros quadrados, a instalação do prédio de produção de motores buscará avançar em conceitos de operação mais limpa e de indústria 4.0, que estimula uso de novas tecnologias e troca de dados. Já o centro de pesquisa será destinado a testes e ao desenvolvimento de produtos da marca alemã.
Para a construção do empreendimento inaugurado nesta segunda-feira, a Stihl investiu R$ 38,5 milhões. Com cerca de 3,2 mil metros quadrados, o espaço tem 33 salas individuais. Segundo Guenther, o complexo recém-inaugurado também poderá promover parcerias entre a companhia e universidades, como a UFRGS.
— É o primeiro e o mais importante centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa fora da Alemanha. Vai possibilitar testes de todos os tipos de produtos — frisou o executivo. —Para nós, é muito importante fazer pesquisas dentro do Brasil. Assim, conseguimos exportar know-how — acrescentou.
A Stihl anunciou em setembro de 2017 a ampliação da fábrica em São Leopoldo. O investimento previsto inicialmente era de R$ 300 milhões. No último mês de junho, a companhia confirmou a elevação no aporte total, com mais R$ 200 milhões endereçados ao projeto.
— Mesmo com a turbulência do Brasil, com instabilidades políticas e econômicas, a Stihl investiu. A empresa tem visão de longo prazo, e 50% da produção é exportada. Não olhamos somente para cá — frisou o executivo.
Ao discursar a membros da companhia e políticos presentes na cerimônia de inauguração do centro de pesquisa, Guenther reforçou que a indústria precisa avançar no uso de tecnologias. Na manifestação, o presidente da Stihl Brasil ainda cobrou atuação do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). Na avaliação do executivo, a gestão deverá focar na realização das "reformas necessárias" para o país.
A matriz da Stihl fica em Waiblingen, na Alemanha. A empresa instalou a fábrica em São Leopoldo em 1973 — a unidade completa 45 anos de operação em 2018.
Inauguração tem corte de tora
A inauguração do centro de pesquisa e desenvolvimento da Stihl teve uma peculiaridade em São Leopoldo. Para comemorar o novo empreendimento, membros da empresa e políticos assistiram ao corte de uma tora (pedaço de madeira) com uma motosserra da marca alemã. Inaugurações promovidas por empresas costumam ser marcadas pelo rompimento de uma fita.
O governador José Ivo Sartori (MDB) participou da cerimônia e aproveitou para comemorar, em seu discurso, os investimentos da companhia no Vale do Sinos. Em tom de despedida do Palácio Piratini, o emedebista afirmou que buscou promover, desde 2015, mudanças na estrutura do Estado para atrair aportes como o da fabricante alemã.
— Mesmo diante da crise (na economia), a Stihl está fazendo investimento no Rio Grande do Sul — pontuou o governador, que, em 2017, foi até a Alemanha para visitar a sede da empresa.
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), também comemorou a expansão das atividades da companhia:
— A Stihl é diferenciada porque, além da produção, trabalha com desenvolvimento e pesquisa. É a segunda empresa que mais gera imposto para São Leopoldo.
A companhia emprega cerca de 2,5 mil funcionários no município. Presidente da Stihl Brasil, Cláudio Guenther disse que os investimentos de R$ 500 milhões deverão resultar em contratações, mas evitou projetar eventual número de novos trabalhadores.