A economia caxiense fechou o primeiro semestre de 2018 com crescimento de 8%, em comparação com o mesmo período do ano passado. O bom desempenho foi puxado pela indústria que, apesar da greve dos caminhoneiros e dos jogos da Copa do Mundo, conseguiu recuperar os prejuízos e alcançou uma alta de 8,8%. Em junho, o setor fechou com alta de 13,5% frente a maio. Os dados foram divulgados na tarde desta terça-feira pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul.
Economistas admitem que o resultado poderia estar em um ritmo melhor não fosse a greve, mas garantem que boa parte dos prejuízos foi recuperada e que a expectativa é de crescimento entre 10% e 15% no ano. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 1,5%.
— Se compararmos com as estimativas de crescimento do país, nossas previsões estão muito boas — assegura o diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Astor Milton Schmitt.
O setor de serviços também fechou o semestre no azul, 11,3% de crescimento. Em junho, no entanto, a queda foi de 3% se comparado como mês de maio. Quem mais sentiu o baque foi o comércio. Nos primeiros seis meses, a queda foi de 0,6% e, em junho, o tombo chegou a 7,4%. O quadro, informam os economistas, pode ser revertido se a indústria, responsável por grande parte da economia caxiense, permanecer com a curva em ascensão. E as previsões dos empresários são otimistas.
Presentes na reunião, os executivos da Marcopolo, Mauro Bellini e Carlos Zignani, asseguram que a cadeia automoviva vive um bom momento e que as carteriras de pedidos estão garantidas até o final do ano.
No mercado de trabalho, as notícias também são otimistas. Das 25 mil vagas perdidas desde 2014, 5 mil foram recuperadas este ano.
— Ainda estamos devendo 20 mil para Caxias do Sul. Isso deve acontecer em até três anos — diz Zignani.
Comércio ainda não decolou
O comércio caxiense ainda não conseguiu se recuperar dos reflexos da crise. Agravado pela greve dos caminhoneiros e pelos dias de jogos da Copa do Mundo, o cenário ainda navega no vermelho. Se comparado com junho de 2017, o recuo chegou a 17,9% e, no acumulado do ano, -0,6. O índice ainda é positivo nos últimos 12 meses, 4,5%.
— Ainda não conseguimos decolar. A turbulência de maio (greve) transbordou para o mês de junho, que se agravou com as fracas vendas em dias de jogo do Brasil — destaca o assessor de economia e estatística da CDL Mosár Leandro Ness.
O pior desempenho foi no ramo duro. A queda na venda de automóveis, caminhões e autopeças passou de 25% em relação a maio. O segmento que fechou no azul foi o de vestuário e calçados. No mercado de trabalho, o comércio ainda não recuperou as vagas perdidas. Em junho, o setor demitiu 130 trabalhadores.
Inadimplência
O estoque de dívidas teve um comportamento inesperado em junho. Recuou 1,9% se comparado com maio. No ano, o índice continua alto, 32,4%, e nos últimos 12 meses, 94%. As inclusões de CPFs no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) também aumentaram 2,5% em relação a junho de 2017. Atualmente, quase 79 mil caxienses estão inadimplentes.