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Eles são 4,63 milhões de brasileiros. Homens e mulheres sem ocupação, que desistiram de procurar trabalho porque perderam a esperança de conseguir. Tecnicamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são classificados como desalentados e não entram nos cálculos de desocupação.
Nesse contingente, estão gaúchos como Jorge, cuja história é contada por GaúchaZH:
A chapista Andréia Silveira da Rosa, 36 anos, anda preocupada com o marido. Desempregado desde junho de 2016, Jorge Nunes de Azambuja, 44 anos, já não sorri como antes. Perdeu a vontade de sair de casa, no bairro Partenon, em Porto Alegre, e vive angustiado.
— Ele sempre trabalhou muito e foi um cara para cima, mas perdeu o emprego e não conseguiu mais vaga. Ouviu tanto "não" que agora acha que não tem mais jeito. É outra pessoa — conta Andréia, aflita com a situação do companheiro.
Motorista profissional, Jorge tem Ensino Médio completo e experiência no ramo. Até agora, os atributos não foram suficientes para que voltasse à ativa. Depois de dezenas de tentativas frustradas, parou de entregar currículos e desistiu de enfrentar filas por vagas que nunca se confirmam.
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A última tentativa de sair do desalento foi como condutor do Uber. No início do ano, o motorista alugou o carro de uma conhecida e saiu às ruas para transportar passageiros, mas os custos eram tão altos que chegou à conclusão de que estava "pagando para trabalhar". Desistiu e se recolheu.
— Trabalho desde os 12 anos e nunca fiquei tanto tempo assim sem nada. Me desiludi. Parece que não tem mais oportunidade para mim. Não sei o que aconteceu. Talvez tenha realmente ficado para trás — desabafa Jorge, pai de Rodrigo, 12 anos, e de Andressa, quatro.
Me desiludi. Parece que não tem mais oportunidade para mim. Não sei o que aconteceu.
Enquanto a mulher trabalha e garante a subsistência da família, ele passou a cuidar das tarefas domésticas. Limpa a casa, faz comida e cuida para que as crianças cheguem bem na escola e na creche.
— Virei dono de casa — conclui.
Isso não significa que o devoto de São Jorge, um dos mais venerados do catolicismo, tenha perdido a esperança de um dia encontrar serviço, de preferência com carteira assinada. É para o Santo Guerreiro, exposto em um pequeno altar na sala da família, que Jorge reza todos os dias por uma chance de recomeçar.
Leia as outras histórias:
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Cozinheira de mão cheia, com curso técnico de congelamento de alimentos, Janice Rolim Cardoso, 33 anos, peregrinou por restaurantes de shoppings e de bairros da Capital e participou de mutirões de emprego promovidos pela Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social, responsável por gerenciar o Serviço Nacional de Emprego (Sine) no Estado. Não deu certo. Foram mais de 80 currículos distribuídos em um ano e meio de tentativas frustradas.
— Me sinto cansada de tudo isso e até um pouco inútil, mas o que posso fazer? — pergunta. Leia mais.
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Por dois anos e meio, Erick Carvalho Loureiro, 23 anos, foi empacotador em um supermercado na Capital, até que, em fevereiro de 2016, decidiu pedir demissão. Precisava ajudar na reforma da casa de madeira da família, na Vila Recreio da Divisa, que corria o risco de ruir a qualquer momento. Trabalhou na obra por quase um ano e, quando tentou voltar, no início de 2017, não teve sorte.
— Todo mundo dizia que não tinha vaga. Aí decidi dar um tempo — conta o jovem. Leia mais.
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Aos 50 anos, Iara de Freitas Batista enfrenta a pior fase de sua vida. Com Ensino Fundamental incompleto, trabalhava na construção civil como auxiliar de produção, carregando caliça e fazendo a limpeza de obras. No fim de 2017, foi dispensada. Desde o início deste ano, cessou as tentativas e passou a contar com o apoio de pessoas próximas para se manter e seguir em frente.
— Sorte que tenho quem me ajude, mas viver de migalhas é triste — conta. Leia mais.