![Júlio Cordeiro / Agencia RBS Júlio Cordeiro / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24406122.jpg?w=700)
Eles são 4,63 milhões de brasileiros. Homens e mulheres sem ocupação, que desistiram de procurar trabalho porque perderam a esperança de conseguir. Tecnicamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são classificados como desalentados e não entram nos cálculos de desocupação.
Nesse contingente, estão gaúchos como Erick, cuja história é contada por GaúchaZH:
Por dois anos e meio, Erick Carvalho Loureiro, 23 anos, foi empacotador em um supermercado na Capital, até que, em fevereiro de 2016, decidiu pedir demissão. Precisava ajudar na reforma da casa de madeira da família, na Vila Recreio da Divisa, que corria o risco de ruir a qualquer momento. Trabalhou na obra por quase um ano e, quando tentou voltar, no início de 2017, não teve sorte.
Por meses, bateu à porta de estabelecimentos comerciais acreditando que a experiência anterior ajudaria. Como os resultados foram negativos, passou a procurar também em outras áreas – como pedreiro, auxiliar de serviços gerais e o que mais aparecesse.
![Júlio Cordeiro / Agencia RBS Júlio Cordeiro / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24406115.jpg?w=300)
Fez cadastro na FGTAS/Sine, repetiu os passos de milhares de gaúchos na mesma situação, entregou currículos pessoalmente e pela internet, se inscreveu em sites de emprego. Nada. Ouvia sempre a mesma resposta.
— Todo mundo dizia que não tinha vaga. Aí decidi dar um tempo — conta o jovem, que tem Ensino Fundamental incompleto.
O rapaz mora com a mãe, Jussara, 65 anos, e dois irmãos, Nícolas, 19 anos, que sofre de hidrocefalia e recebe benefício mensal do INSS por invalidez, e Alexandre, 26 anos, atendente de supermercado, garçom nas horas vagas e exemplo de luta para Erick.
Todo mundo dizia que não tinha vaga. Aí eu decidi dar um tempo.
— Sei que um dia ele vai conseguir uma boa oportunidade, porque é um cara esforçado e honesto — afirma Alexandre, que não se incomoda em segurar as pontas.
É a renda do atendente e de Nícolas que sustenta a família, além da força de amigos próximos, como Raul Sergio dos Santos, 66 anos, presidente da Associação de Moradores do Mangue Seco, no bairro Lomba do Pinheiro.
— Esses guris já comeram muita sopa aqui em casa — brinca o líder comunitário.
Sem a rede de amparo, Erick reconhece que estaria na rua. Ele diz que espera a situação melhorar no país para reiniciar a busca por emprego. Será pai no fim do ano:
— Hoje, aceitaria qualquer coisa.
Leia as outras histórias:
![Júlio Cordeiro / Agencia RBS Júlio Cordeiro / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24406094.jpg?w=300)
A chapista Andréia Silveira da Rosa, 36 anos, anda preocupada com o marido. Desempregado desde junho de 2016, Jorge Nunes de Azambuja, 44 anos, já não sorri como antes. Perdeu a vontade de sair de casa, no bairro Partenon, em Porto Alegre, e vive angustiado.
— Trabalho desde os 12 anos e nunca fiquei tanto tempo assim sem nada. Me desiludi. Parece que não tem mais oportunidade para mim. Não sei o que aconteceu. Talvez tenha realmente ficado para trás — desabafa. Leia mais.
![Júlio Cordeiro / Agencia RBS Júlio Cordeiro / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24406071.jpg?w=300)
Cozinheira de mão cheia, com curso técnico de congelamento de alimentos, Janice Rolim Cardoso, 33 anos, peregrinou por restaurantes de shoppings e de bairros da Capital e participou de mutirões de emprego promovidos pela Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social, responsável por gerenciar o Serviço Nacional de Emprego (Sine) no Estado. Não deu certo. Foram mais de 80 currículos distribuídos em um ano e meio de tentativas frustradas.
— Me sinto cansada de tudo isso e até um pouco inútil, mas o que posso fazer? — pergunta. Leia mais.
![Júlio Cordeiro / Agencia RBS Júlio Cordeiro / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24406098.jpg?w=300)
Aos 50 anos, Iara de Freitas Batista enfrenta a pior fase de sua vida. Com Ensino Fundamental incompleto, trabalhava na construção civil como auxiliar de produção, carregando caliça e fazendo a limpeza de obras. No fim de 2017, foi dispensada. Desde o início deste ano, cessou as tentativas e passou a contar com o apoio de pessoas próximas para se manter e seguir em frente.
— Sorte que tenho quem me ajude, mas viver de migalhas é triste — conta. Leia mais.