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Eles são 4,63 milhões de brasileiros. Homens e mulheres sem ocupação, que desistiram de procurar trabalho porque perderam a esperança de conseguir. Tecnicamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são classificados como desalentados e não entram nos cálculos de desocupação.
Nesse contingente, estão gaúchos como Iara, cuja história é contada por GaúchaZH:
Aos 50 anos, Iara de Freitas Batista enfrenta a pior fase de sua vida. Com Ensino Fundamental incompleto, trabalhava na construção civil como auxiliar de produção, carregando caliça e fazendo a limpeza de obras. No fim de 2017, foi dispensada.
— Disseram que estavam reduzindo o quadro por causa da crise. Sobrou para mim — recorda.
De lá para cá, saiu à cata de emprego. Procurou a agência da FGTAS/Sine, entregou currículo em farmácia e tentou trabalhar como faxineira no comércio. Assim foi até o início deste ano.
— Cheguei a uma loja de roupas que estava precisando de auxiliar de serviços gerais e me apresentei. Mal olharam para a minha cara. Falaram que não servia para a vaga. Me acharam velha. Para trabalhar em lugares assim, tem que ter boa apresentação. Senti uma revolta, uma indignação tão grande que saí de lá e nem olhei para trás — relembra Iara.
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Desde então, Iara cessou as tentativas e passou a contar com o apoio de pessoas próximas para se manter e seguir em frente.
— Sorte que tenho quem me ajude, mas viver de migalhas é triste. Ninguém merece isso. Queria mesmo era conseguir um bom emprego — conclui.
Moradora do bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, Iara vive com uma das filhas, Inayara, nove anos – os outros três filhos já saíram de casa e tocam suas próprias vidas. Para alívio materno, a menina passa as manhãs na escola pública e as tardes em um projeto social. Tem estudo e comida garantidos.
Sorte que tenho quem me ajude, mas viver de migalhas é triste.
Em casa, a maioria das refeições é fruto de doações de amigos e conhecidos, entre eles Márcia Fraga, 51 anos, diretora de uma escola infantil nas redondezas. Márcia congela arroz, feijão, carne e entrega tudo para Iara. Também ajuda com gás e outros itens de subsistência para a família.
— É uma pessoa do bem. Sei das dificuldades que está passando e que é honesta e trabalhadora, por isso ajudo. Espero que ela consiga superar essa fase logo — diz Márcia.
Iara, mais do que ninguém, também espera por isso.
Leia as outras histórias:
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A chapista Andréia Silveira da Rosa, 36 anos, anda preocupada com o marido. Desempregado desde junho de 2016, Jorge Nunes de Azambuja, 44 anos, já não sorri como antes. Perdeu a vontade de sair de casa, no bairro Partenon, em Porto Alegre, e vive angustiado.
— Trabalho desde os 12 anos e nunca fiquei tanto tempo assim sem nada. Me desiludi. Parece que não tem mais oportunidade para mim. Não sei o que aconteceu. Talvez tenha realmente ficado para trás — desabafa. Leia mais.
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Cozinheira de mão cheia, com curso técnico de congelamento de alimentos, Janice Rolim Cardoso, 33 anos, peregrinou por restaurantes de shoppings e de bairros da Capital e participou de mutirões de emprego promovidos pela Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social, responsável por gerenciar o Serviço Nacional de Emprego (Sine) no Estado. Não deu certo. Foram mais de 80 currículos distribuídos em um ano e meio de tentativas frustradas.
— Me sinto cansada de tudo isso e até um pouco inútil, mas o que posso fazer? — pergunta. Leia mais.
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Por dois anos e meio, Erick Carvalho Loureiro, 23 anos, foi empacotador em um supermercado na Capital, até que, em fevereiro de 2016, decidiu pedir demissão. Precisava ajudar na reforma da casa de madeira da família, na Vila Recreio da Divisa, que corria o risco de ruir a qualquer momento. Trabalhou na obra por quase um ano e, quando tentou voltar, no início de 2017, não teve sorte.
— Todo mundo dizia que não tinha vaga. Aí decidi dar um tempo — conta o jovem. Leia mais.