Depois da recessão, o varejo gaúcho sinaliza retomada nos negócios. Em fevereiro, apesar de o avanço no volume das vendas ter sido leve, de 0,4% ante janeiro, a alta acumulada em 12 meses chegou a 8,6% no Rio Grande do Sul. Foi o terceiro maior crescimento entre os Estados, atrás dos índices registrados no Amazonas (9,1%) e em Santa Catarina (14,2%), conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentados nesta quinta-feira (12).
Nos últimos meses, o desempenho gaúcho vem sendo superior ao nacional. Em fevereiro, o varejo no país diminuiu 0,2% na comparação com janeiro. Apesar do recuo, em 12 meses, soma avanço de 2,8%.
Um dos motivos que explicam as altas no Rio Grande do Sul é a baixa base de comparação com o período de crise econômica.
Durante a recessão, o elevado nível de desemprego atingiu o bolso dos consumidores e, como consequência, reduziu os negócios do setor.
— Nunca havíamos perdido tantas vendas como ocorreu ao longo da crise. Agora, a tendência é de crescimento. A queda no juro básico pode ajudar, porque as aplicações financeiras têm rendimento menor, o que estimula o consumo — sublinha o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch.
Consumidor está mais racional, diz dirigente
O IBGE também informou que, em fevereiro, o volume de vendas no Estado aumentou 10% em relação a igual mês de 2017. No país, o avanço foi menor, de apenas 1,3%, nessa mesma base de comparação.
— Os números têm sido positivos, mas não tão animadores assim. Com a crise, o consumidor revisou seus hábitos de compras. A recessão tornou-o mais racional, digamos — pontua o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre), Alcides Debus.
Varejo gaúcho se sai melhor que a média nacional
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Segundo o dirigente, incertezas políticas relacionadas às eleições de outubro podem causar dores de cabeça. Apesar das dúvidas existentes, Debus avalia que a crise tenha ficado no retrovisor. A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, acrescenta que indícios de melhora no mercado de trabalho também podem auxiliar na retomada do setor nos próximos meses.
— Como o consumo das famílias deve motivar a atividade econômica, o varejo tende a ser favorecido em um cenário de juro baixo. A projeção é de que a confiança aumente — considera Patrícia.
Empresários mostram estar mais otimistas
Os recentes avanços do varejo têm despejado maior otimismo entre empresários no Rio Grande do Sul. A Caverna do Dino, de moda infantil, é uma das redes do setor onde a retomada começa a engatinhar.
— Os anos de 2016 e 2017 foram muito difíceis. Aos poucos, estamos recuperando as vendas. Percebemos maior otimismo do consumidor — conta Fabiana Estrela, proprietária da Estrela Franquias, gestora da rede.
Hoje, a Caverna do Dino tem 46 lojas no Rio Grande do Sul e em outros quatro Estados.
Durante a crise, para atrair consumidores, apostou em novas soluções: lançou sistema de venda direta, canal de e-commerce e modalidade de franquias que exige menor investimento inicial.
A Aduana, de moda masculina, também procurou maneiras de driblar as dificuldades de mercado que persistem após a recessão.
Em dezembro, abriu uma loja em Canoas, na Região Metropolitana, e reinaugurou outras duas, em março, em Porto Alegre. No total, são 12 pontos de venda em operação.
— A empresa fez investimentos e hoje está mais enxuta. Depois da recessão, ao buscar produtos de qualidade, o consumidor passou a valorizar ainda mais seu dinheiro — relata Nelson Jawetz, gestor da rede.