O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, disse, nesta sexta-feira (9), que o governo vê com preocupação a decisão dos Estados Unidos de criar uma barreira à importação do aço brasileiro. Na quinta-feira (8), o presidente norte-americano, Donald Trump, oficializou o aumento das tarifas de importação para 25% para o aço e 10% para o alumínio.
— É uma preocupação grande por estar criando uma barreira comercial. Aliás, um país que está em pleno emprego e defendendo um setor com excesso de capacidade. Essa política é questionável, mas não cabe a gente questionar a política de outros governos — disse, durante Seminário Internacional AGU (Advocacia Geral da União) 25 Anos.
Guardia acrescentou que a medida americana pode desencadear uma reação protecionista de outros países.
— O efeito prático disso é que pode desencadear uma guerra comercial na reação de outros países. Isso vai na contramão do livre comércio e do aumento do fluxo de mercadorias, serviços e capitais, que é o que a gente defende e entende que seja o caminho para o desenvolvimento — disse. Ele acrescentou que, devido à importância do assunto, a reação não deve ser isolada por apenas um país.
Na quinta, em nota conjunta assinada pelos ministros Marcos Jorge (da Indústria e Comércio) e Aloysio Nunes (de Relações Exteriores), o governo brasileiro informou que "buscou, em sucessivas gestões, evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras, esclarecendo ao governo americano que os produtos do Brasil não causam ameaça aos interesses comerciais ou de segurança dos EUA".
Ao todo, 32% do aço exportado pela indústria nacional têm como destino o mercado americano, fazendo do Brasil o segundo maior exportador do produto para os Estados Unidos, ficando atrás apenas do Canadá. Apenas em 2017, 4,7 milhões de toneladas do aço brasileiro foram embarcadas para os EUA, representando um faturamento de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 8,4 bilhões).