Balanço divulgado nesta quinta-feira, 5, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a entidade que representa as montadoras instaladas no país, mostra que as vendas de veículos novos no Brasil tiveram alta de 24,5% no mês passado, se comparadas a setembro de 2016.
Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 199,2 mil veículos foram comercializados, permitindo que setembro mostrasse a maior taxa de crescimento de um mês no comparativo interanual em mais de quatro anos. Desde abril de 2013, quando os licenciamentos subiram mais de 29%, o mercado não registrava avanço tão expressivo.
Segundo o vice-presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, a base baixa de comparação ajuda a explicar a expressiva taxa de crescimento, já que setembro foi o pior mês em termos de média diária de vendas do ano passado.
Após quatro anos seguidos em baixa, as vendas voltaram a subir nos nove primeiros meses de 2017, quando os 1,62 milhão de veículos emplacados representaram um aumento de 7,4% em relação a igual período de 2016.
No melhor ritmo diário em 21 meses, a média de veículos vendidos em setembro beirou as 10 mil unidades a cada dia que as concessionárias abriram as portas. Setembro ficou, contudo, 8% abaixo do total comercializado em agosto por ter um calendário mais curto, com três dias a menos de venda.
Por categoria, os emplacamentos de automóveis de passeio e utilitários leves, como picapes e vans, subiram 25% na comparação com setembro de 2016, mas recuaram 7,8% frente a agosto. No total, 193,8 mil carros foram comercializados no mês passado.
Já os licenciamentos de caminhões, de 4,5 mil unidades em setembro, subiram 8,2% se comparados ao mesmo período de 2016. Frente a agosto, as vendas dos veículos pesados de carga tiveram queda de 6,1%.
O levantamento mostra ainda que as vendas de ônibus somaram 865 unidades no mês passado, um avanço de 23,4% na comparação anual. Em relação a agosto, as vendas de coletivos caíram 44,5%.
Exportações
As exportações de veículos produzidos no Brasil subiram 52,2% em setembro, na comparação com igual período de 2016, chegando a 60 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Em relação a agosto, o volume embarcado ficou 10,1% menor. Nos nove primeiros meses do ano, 566,3 mil veículos saíram do País com destino a mercados no exterior, 55,7% acima do total embarcado no mesmo período do ano passado. O desempenho, conforme a Anfavea, associação das montadoras, foi puxado por vendas para Argentina, México, Chile, Uruguai e Colômbia.
O faturamento das montadoras com exportações subiu, na comparação interanual, 39,4% em setembro, para US$ 1,39 bilhão, conforme o balanço da Anfavea. Em relação a agosto, houve queda de 4,7% no montante obtido pelo setor com embarques ao exterior.
O resultado leva para US$ 11,66 bilhões - alta de 51,5% na comparação anual - o total faturado nos nove primeiros meses do ano com exportações. Além de veículos, a conta inclui as exportações de autopeças feitas pelas montadoras, assim como as vendas externas das fábricas de máquinas agrícolas, também associadas à Anfavea.
Estoques
As montadoras terminaram o mês passado com 224,1 mil veículos em estoque, um volume suficiente para 34 dias de venda, segundo informou a Anfavea, entidade que representa as empresas do setor.
O nível de automóveis, utilitários leves, caminhões e ônibus encalhados nos pátios de montadoras e concessionárias caiu um pouco em relação a agosto, quando o estoque somava 220,5 mil unidades e eram suficientes para 33 dias de venda.
Em entrevista à imprensa, Rogelio Golfarb classificou o nível de estoque como normal. "O mercado está bem aquecido", comentou.
Ocupação
A ocupação das montadoras ficou estável no mês passado, conforme a Anfavea, entidade que representa o setor. A indústria automobilística terminou setembro empregando 126,3 mil pessoas, no mesmo nível do mês anterior. O número, que também inclui as fábricas de tratores agrícolas, representa, porém, a criação de 1.650 postos se comparado ao total empregado pelas montadoras um ano atrás.
Ao apresentar o resultado do mês passado, Rogelio Golfarb destacou que, embora o nível de emprego tenha ficado estagnado, quase 500 trabalhadores deixaram os dois regimes de restrição de jornada de trabalho adotados no setor: lay-off, que consiste na suspensão de contratos de trabalho, e o Programa Seguro Emprego, no qual as empresas cortam jornada de trabalho e salários para não demitir.
O número de funcionários atingidos pelas duas ferramentas de flexibilização de mão de obra caiu de 6,32 mil para 5,83 mil na passagem de agosto para setembro. "Isso mostra que esses instrumentos são importantes em tempos de crise e que, à medida que percebemos a retomada, os funcionários são reintegrados à produção", comentou Golfarb.