Com 28 funcionários, a Allchem Química buscava, em 2016, elevar a capacidade de produção por meio da compra de equipamentos e da ampliação da empresa em Rio Grande. Mas havia ao menos um entrave. Enquanto sobrava vontade para crescer, faltavam recursos para aumentar a estrutura. Foi então que a fabricante de itens de limpeza e conservação resolveu pedir auxílio à Sala do Investidor. Lançada em 2011 pelo governo Tarso Genro (PT) e mantida na gestão de José Ivo Sartori (PMDB), a iniciativa repassa a empresários orientações para realizar investimentos e informações sobre vantagens oferecidas pelo Estado.
– Tínhamos limitações para atender a todas as demandas de clientes no país. Por isso, procuramos a Sala do Investidor – lembra o diretor comercial e de marketing da Allchem, Cleber Costa.
Entre seus objetivos, a iniciativa do governo estadual busca acelerar e qualificar o processo de criação de empreendimentos nas áreas de indústria e geração de energia. Para isso, projetos como o da Allchem recebem acompanhamento de gerentes técnicos. São eles que colocam os empresários em contato com atores públicos para obtenção de licenças e mostram condições de financiamento em Badesul, Banrisul e BRDE.
– Buscamos facilitar a relação dos investidores com o Estado. A meta é evitar uma romaria dos empreendedores por órgãos públicos até que consigam desenvolver os projetos – relata o diretor da Sala do Investidor, Adriano Boff.
Entre os serviços oferecidos, avaliação de incentivos fiscais
A equipe técnica também indica possibilidades de acesso a incentivos fiscais, como o Fundo Operação Empresa do RS (Fundopem-RS). Criado em 1972, o programa garante a investidores o uso de parte do ICMS que será gerado para compensação de aportes destinados à implantação ou à ampliação da estrutura das companhias.
– Por meio da Sala do Investidor, buscamos auxílio no Fundopem-RS e financiamentos em bancos daqui. Fomos acolhidos pela iniciativa. Com a ampliação da unidade aqui em Rio Grande, poderemos atender aos clientes com mais tranquilidade – afirma Costa.
Conforme o empresário, depois de passar pela Sala do Investidor, a Allchem conseguiu fazer aporte de cerca de R$ 3 milhões na fábrica de Rio Grande. Com o investimento, construiu três pavilhões. Até o fim do primeiro semestre de 2018, prevê geração de 12 empregos diretos, o que elevará o número de funcionários para 40.
– A Sala do Investidor representa uma relação de ganha-ganha entre Estado e iniciativa privada. Diminui a burocracia para criação de projetos. O saldo disso tudo é positivo – declara o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Márcio Biolchi.
Em setembro, a Sala do Investidor recebeu o Prêmio Excelência em Competitividade na categoria Boas Práticas, que tem como base um ranking elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Entregue em cerimônia na sede da bolsa de valores de São Paulo, o reconhecimento valoriza ações desenvolvidas em todo o país pela gestão pública.
Ganho de tempo para o empresário
De 2011 a agosto deste ano, a Sala do Investidor deu suporte a 669 projetos, entre concluídos e em andamento. Conforme o diretor do órgão, Adriano Boff, a previsão total de investimento no Rio Grande do Sul é de R$ 73,6 bilhões, com geração de 73.175 empregos.
– A recessão diminuiu um pouco o valor médio dos empreendimentos. Mas, em 2017, sobretudo os projetos de médio e pequeno porte voltaram a crescer – conta o dirigente.
Coordenadora da Endeavor-RS, organização de apoio ao empreendedorismo, Milena Dalacorte avalia que iniciativas com o objetivo de simplificar a vida de investidores são bem-vindas.
De acordo com Milena, a burocracia que envolve a abertura de negócios é uma das principais dificuldades para os empresários.
– Empreender no Brasil não é fácil. No geral, é preciso muito tempo para desenhar bons produtos, buscar clientes e abrir mercados – comenta.
Com o apoio da Sala do Investidor, o goiano Gustavo Villac resolveu apostar no Estado em meio à crise econômica. Em junho do ano passado, abriu em Osório a Multplast, que fabrica produtos de plástico, como copos e pratos.
Na visão do empresário, a conexão facilitada com órgãos públicos foi fundamental para o desembarque no Rio Grande do Sul. Sem revelar o valor do investimento para instalação da unidade, Villac afirma que a companhia emprega atualmente 24 funcionários.
– Nosso projeto teve receptividade aqui no Estado. A Sala do Investidor traz ganho de tempo enorme para o empresário – sublinha.
Perguntas e respostas
O que é a Sala do Investidor?
É um espaço aberto a empresários que desejam obter suporte para execução de projetos. Lançada em 2011, a Sala do Investidor serve de conexão entre a iniciativa privada e diversos órgãos do Estado. Entre as suas atribuições, está a tentativa de atrair investimentos ao Rio Grande do Sul e acelerar a criação de projetos.
Quais são as informações repassadas aos empresários?
São orientações sobre:
-Incentivos fiscais (Fundopem, Integrar-RS, Lei do Bem e Pró-Inovação)
-Financiamento em bancos públicos
-Distritos industriais do Estado ou de municípios
-Licenciamento ambiental
-Infraestrutura e logística
-Educação profissional, universidades e parques tecnológicos
-Perfil econômico do RS
Quem são os alvos da iniciativa?
Empresários de diferentes segmentos da indústria e da geração de energia.
Como buscar auxílio?
Os empresários devem entrar em contato com a Sala do Investidor, que avalia se os projetos podem ser desenvolvidos. Em seguida, os interessados participam de reunião com representantes de vários órgãos do Estado. Nessa etapa, por exemplo, recebem informações sobre licenciamento ambiental e condições de financiamento em bancos públicos, Badesul, BRDE e Banrisul.
Como é feito o acompanhamento dos projetos?
Cada projeto é operado por um gerente técnico da Sala do Investidor. Ele ajuda o empreendedor a tomar decisões e faz a interlocução com diferentes órgãos do setor público.