A Ápice Securitizadora, administradora de fundos de pensão, retomou na manhã desta terça-feira (26) a posse do City Hotel, em Bagé, na Campanha.
Com 53 anos de atividades e um dos mais tradicionais estabelecimentos da cidade, o City fazia parte desde 2013 do M.Grupo, nome fantasia da Magazine Incorporações, que está em processo de falência decretada pela Justiça gaúcha.
A Ápice havia emprestado cerca de R$ 200 milhões para o M.Grupo investir em cinco shoppings e no hotel, mas a incorporada não quitou a dívida. Como existia alienação fiduciária do imóvel, foi determinada a reintegração de posse à securitizadora pela 1ª Vara Cível de Bagé.
Em julho, o M.Grupo recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ), contestando a decisão, mas a 20ª Câmara Cível do TJ manteve a ordem de reintegração. Na sexta-feira (22), os 26 funcionários do City foram surpreendidos com o comunicado do M.Grupo de que seriam demitidos, hóspedes deixaram os apartamentos e reservas foram canceladas.
Ainda ocorreu uma "liquidação" de bens do City, com venda de pertences, para eventual pagamento de rescisões trabalhistas. Assim que as ofertas chegaram ao conhecimento dos moradores da cidade por meio de redes sociais, filas se formaram na entrada do hotel para comprar de frigobares a fritadeiras, camas, cadeiras e colchões, entre outros objetos. Nos 10 andares do hotel, com 84 apartamentos, o cenário é de desativação com móveis e condicionadores de ar desmontados.
— Assumimos a posse do hotel sem a menor condição de funcionamento, mas daremos a destinação que o imóvel merece, com grandes chances de se manter no mesmo ramo — afirmou o advogado Ricardo Jobim, represntante da Ápice.
O M.Grupo foi criado pelo psicólogo Lorival Rodrigues em 2008, prometendo investir R$ 1 bilhão em prédios residenciais e comerciais, shoppings, hotel, em táxi-aéreo, entre outros negócios. Por causa de dívidas, a incorporadora perdeu o controle de shoppings em Gravataí, Santa Cruz do Sul, Xangri-Lá e parte do de Bento Gonçalves. Na área da construção civil, o M.Grupo deixou de entregar imóveis a pelo menos 400 clientes, além de ficar devendo para o fisco e para bancos. A empresa prometia construir a torre Majestic — o prédio seria o mais alto do Estado, em Gravataí, mas nunca saiu do chão.
Em 6 de outubro, por ordem do Banrisul, vai a leilão uma das casas da família de Lorival, no bairro Chácara das Pedras. O lance mínimo para o imóvel com área de 382 metros quadrados, pátio com jardim e piscina, é de R$ 5,4 milhões, conforme a empresa Norton Leilões. O primeiro leilão, em 21 de outubro não teve comprador. Zero Hora está tentando contato com o M.Grupo.