Com o anúncio de expansão feito na manhã desta quinta-feira (3), a GM de Gravataí oficializa a terceira ampliação da fábrica no RS desde 2000, quando foi inaugurada com investimento de US$ 600 milhões. Há 17 anos, a montadora começou com o modelo Celta, já fora de linha, e capacidade de produzi 120 mil veículos por ano.
Em 2004, a empresa anunciou a primeira ampliação do complexo. O investimento, de US$ 240 milhões, seria feito na linha de produção do novo sedã Prisma, lançado em 2006. A fábrica passou a ter capacidade de produzir 230 mil veículos ao ano.
A segunda expansão ocorreu em 2010 e demandou investimento de R$ 1,4 bilhão. A capacidade de produção foi elevada de 230 mil para 350 mil veículos por ano. O projeto era para a produção do Onix, que chegou ao mercado em 2012 e hoje é líder de vendas.
Com a terceira ampliação, anunciada nesta quinta, segundo o presidente da montadora no Mercosul, Carlos Zarlenga, a empresa produzirá mais de um novo modelo de carro na gaúcha. O executivo acredita que os veículos lançados pela montadora serão bem sucedidos no mercado a partir da conectividade, item cada vez mais exigido pelo consumidor.
Apesar da nova expansão, não é esperado grande acréscimo de mão de obra em virtude do alto grau de automação. Hoje, são cerca de 2,8 mil pessoas apenas na GM. Contando os sistemistas, o número chega a 5 mil.
O impacto, porém, pode ser maior quando forem contabilizadas vagas que serão abertas com fornecedores que terão de expandir produção e outros que devem chegar. A negociação entre a montadora e o governo gaúcho, aliás, passou pela alteração do Fundopem. A intenção é garantir incentivos fiscais a futuros fornecedores que devem se somar à ampliação da GM.
– A indústria automobilística é um setor encadeado com uma série de atividades, como química, borracha, plástico, siderurgia e alguma coisa de material elétrico – observa o economista Rodrigo Morem da Costa, do núcleo de análises setoriais da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Para Ayub, apesar da instabilidade política, existe perspectiva de que o país tende a ter crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 10% até 2020 e, por enquanto, é de se esperar que as vendas de automóveis acompanhem esse ritmo. Acelerar mais, pondera, dependeria da melhora do cenário do crédito. Após três anos de retração, o setor começa a se recuperar em 2017.
Mudança de patamar
A instalação e as ampliações da fábrica da General Motors levaram Gravataí a mudar de patamar. Em 1997, quando a chegada da montadora foi anunciada, o município da Região Metropolitana figurava como nono maior PIB do Rio Grande do Sul, de acordo com as séries da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Em 2000, quando a planta começou a produzir, passou para a oitava colocação. Dois anos depois, saltou para o quinto lugar, consolidou-se na quarta posição no início da década e, em 2014, último ano com dados disponíveis, chegou ao terceiro lugar, superado apenas por Porto Alegre e Caxias do Sul.
– Isso é efeito da GM, do aumento do fornecimento para a montadora, do comércio e de pessoas gastando a sua renda – avalia o economista Rodrigo Morem da Costa, do núcleo de análises setoriais da FEE.
Fornecedores locais buscam oportunidades
O prefeito de Gravataí, Marco Alba, espera que o investimento a ser detalhado hoje se transforme em um novo ciclo de crescimento para o município, que, devido ao perfil industrial, também foi abalado pela crise. Alba observa que, de 2002 a 2012, a atividade econômica na cidade cresceu em média 16% ao ano.
A nova expansão, lembra Alba, vai aumentar a produção de fornecedores e voltar a movimentar outros setores da economia, como comércio, serviços e mercado imobiliário, com reflexos na renda e na arrecadação do município.
Ao contrário da última ampliação, entre 2010 e 2012, a indústria gaúcha espera abocanhar fatia maior dos serviços e equipamentos da ampliação da GM. O novo Fundopem é um dos amparos. O vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Hernane Cauduro, espera que hoje comece a ser traçado um cronograma para as tratativas com a montadora em busca de oportunidades para fornecedores locais.