O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado – ajustado para o período – recuou 0,51% entre abril e maio, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (14). É o pior resultado desde agosto do ano passado, quando o indicador havia caído 0,69% em relação a julho.
Conhecido como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses.
Conforme o Banco Central, o índice passou de 134,46 pontos para 133,77 pontos. Esse é o menor patamar para o IBC-Br com ajuste desde janeiro, quando estava em 133,08 pontos. O resultado é interpretado como o primeiro com potencial influência da crise política, deflagrada em meados de maio, depois da delação da JBS.
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Economista e professor da PUCRS, Adalmir Marquetti lembra que o resultado da safra no país respingou de maneira positiva na economia brasileira no primeiro trimestre – no Rio Grande do Sul, os efeitos da colheita são sentidos mais tarde, entre abril e junho. Como o ganho no campo diminuiu seu impacto e mais um capítulo da turbulência atingiu o governo Michel Temer, o recuo do IBC-Br foi maior, avalia Marquetti.
– Devemos esperar pelo resultado de junho para saber se o crescimento do PIB neste ano será menor do que o esperado inicialmente. Há um ponto de interrogação agora – pondera.
Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), Claudio Considera destaca que, neste ano, o IBC-Br vem alternando números positivos e negativos – na comparação com o mês anterior, houve avanços em janeiro, fevereiro e abril e baixas em março e maio. Segundo Considera, para o indicador engatar altas consecutivas nos próximos meses, será necessário que a nuvem de incertezas políticas se dissipe.
– A economia está tentando sair do buraco, mas alguma coisa está segurando. Isso tem a ver com a crise política. Enquanto não for resolvida, não se investirá tanto – sublinha.
No acumulado deste ano até maio, o recuo atingiu 0,10% na série com ajustes sazonais. Em 12 meses, a retração acumulada chegou a 2,22%. Já em relação a maio de 2016, houve avanço de 0,04%.
A previsão oficial do BC para a atividade doméstica em 2017 é de alta de 0,5%, apontou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) publicado em junho. Segundo o boletim Focus da última segunda-feira (10), a estimativa de analistas do mercado financeiro para o PIB neste ano está em 0,34%.