Enquanto os detalhes do projeto da General Motors (GM) para fabricação de um novo carro em Gravataí não são revelados, especialistas no setor automotivo projetam aspectos que podem se destacar no automóvel. Espera-se que o veículo seja um SUV urbano compacto, que deverá estar no mercado em 2020, um ano depois do planejamento original. Esse modelo é conhecido por apresentar características tanto de carros de passeio quanto de automóveis off-road.
O diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Antônio Jorge Martins, avalia que, para acelerar as vendas, a montadora poderá apostar em recursos de conectividade. O diretor da consultoria Roland Berger no Brasil, Rodrigo Custódio, acrescenta que a evolução dos sistemas multimídia nos veículos é justamente um dos principais componentes que despertam a atenção de clientes no país.
– Fizemos pesquisa no início do ano com cerca de 500 executivos. Um dos resultados mostrou quais eram os elementos que o cliente mais valorizava nos carros. A conectividade era o número 1 – afirma Custódio.
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Martins conta que a expectativa é de que o novo veículo da GM também busque avançar em design e segurança. Pelo fato de serem mais altos, os SUVs têm proteção considerada maior na comparação com carros menores, dizem os especialistas.
– Em um país com alagamentos e buracos nas ruas, é uma opção atraente. Esse apelo (por segurança) deu certo aqui – destaca Custódio.
Segundo os especialistas, a provável aposta da GM em um SUV está em linha com os resultados das montadoras nesse segmento.
– O mercado de SUVs compactos vem crescendo no Brasil. Há demanda. Em 2010, foram vendidas 70 mil unidades só da EcoSport (da Ford). No ano passado, mesmo com a crise, foram 270 mil SUVs comercializados no país – ressalta Custódio.
Inspiração no Exterior
Os detalhes do novo veículo devem ser conhecidos nos próximos dias, com o anúncio oficial por parte da GM e do governo gaúcho. Para produzir o veículo, só a companhia investirá cerca de R$ 1,5 bilhão em Gravataí.
Espera-se que o automóvel concorra com modelos como Nissan Kicks e Renault Captur – cujos valores aproximados variam de R$ 70 mil a R$ 95 mil –, mas em uma faixa de preços mais acessível, para alcançar maior número de clientes. Conforme Custódio, a inspiração para o novo carro pode ter vindo de um SUV produzido pela GM no Exterior:
– O Chevrolet Tracker só não vende mais no Brasil por ser importado do México. É um modelo que deu certo aqui. Seria uma importação que levou à produção local.
Apesar de a recessão ter derrubado a venda de automóveis nos últimos anos, o projeto de ampliação da unidade de Gravataí faz parte de planejamento de longo prazo da GM. Em agosto de 2014, a montadora havia anunciado a intenção de investir R$ 6,5 bilhões para produzir seis novos modelos – tanto veículos já fabricados em outras plantas da multinacional quanto novidades.
– O objetivo (da fabricação do novo carro no Estado) seria não só atuar no Brasil e aumentar as exportações para o mercado latino-americano. Seria uma forma de reduzir o impacto negativo do cenário nacional – projeta Martins.
A fábrica de Gravataí produz hoje dois modelos depois de o Celta, o primeiro carro fabricado na unidade, sair do mercado. O principal automóvel da planta na Região Metropolitana é o Onix, o mais vendido no país. No primeiro semestre, foram emplacadas 83,2 mil unidades, 21% a mais do que no mesmo período do ano passado. O outro modelo é o Prisma, o sexto mais negociado no país – 31,2 mil veículos entre janeiro e junho.