Em mais um discurso em que destacou as ações do governo, o presidente Michel Temer afirmou que, em poucos meses, o Brasil está superando a recessão e caminhando para o crescimento com a agenda "abrangente e profunda" de reformas. Na abertura do 4TH Bradesco's Brazil Investment Forum, com a presença de diversos representantes do mercado financeiro, Temer assegurou que os investidores podem colocar recursos no país, porque "o Brasil está de volta".
– Trago mensagem de otimismo, estamos no rumo certo. Temos clareza do que pode ser feito e coragem para fazer agenda de transformação do Brasil. Nossa determinação é fazer do Brasil um país com mais oportunidades – disse Temer.
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Entre os indicadores que sinalizam, segundo ele, o início da retomada econômica estão o crescimento de 5,5% da venda de veículos em março ante o mesmo período de 2016, algo que não acontecia há 26 meses.
O presidente também mencionou o avanço interanual de 1,4% da produção industrial de janeiro, mas não citou a queda de 0,8% registrada em fevereiro na mesma base de comparação, dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Temer também voltou a reforçar que a inflação caminha para terminar o ano abaixo da meta de 4,5% e que a Selic deve cair para um dígito. Nesse ponto, ele também citou a queda da TJLP de 7,5% para 7%, que vão atrair mais investimentos de longo prazo.
O emprego foi apontado como o último componente a reagir de uma recessão, mas o presidente ressaltou mais uma vez a criação de cerca de 35 mil vagas formais de emprego em fevereiro.
A valorização das empresas estatais no seu governo, como a Petrobras, e o sucesso dos leilões de aeroportos, portos de Santarém e da Celg também foram citadas outra vez por Temer. Segundo ele, a credibilidade do país está de volta, como mostra a mudança da perspectiva do rating brasileiro pela Moody's de negativa para estável.
– É possível que logo retomemos por inteiro o grau de investimento.
O peemedebista também reafirmou a relação entre a responsabilidade fiscal e responsabilidade social, citando a importância da aprovação das reformas para a retomada da economia e para gerar emprego.
– Reforma é palavra de ordem em 2017.
Previdência
Em relação às revisões na aposentadoria, houve forte defesa. Temer reforçou que há um déficit gigantesco na Previdência, que somou em 2016 mais de R$ 150 bilhões de reais e que tende a aumentar.
– Negar o déficit na Previdência é recorrer a falsa contabilidade. Se nada for feito, em 10, 12 anos, só teremos verba para pagar a aposentadoria e a folha salarial – diz.
Ele também admitiu que adequações podem ser feitas, já que o "Congresso é o senhor da reforma". Temer também criticou os opositores da reforma.
– Espalhem que a reforma é essencial e estão acima de interesses de grupos. Aqueles que se rebelam são os mais privilegiados do sistema.
Em rápida entrevista, Temer disse que acha possível que a reforma da Previdência seja aprovada entre junho e julho. O peemedebista não descarta, porém, a possibilidade de ter algumas alterações pelos parlamentares no texto original em comum acordo com o governo.
Perguntado se o governo estuda colocar salvaguardas para os trabalhadores na reforma da Previdência, Temer disse que se houver necessidade será feito, mas ressaltou que o artigo sétimo da Constituição garante os direitos dos empregados.
– Aqui no Brasil nós achamos que se não tiver na lei não vale. Então é preciso ler a lei maior.
Reforma trabalhista
O presidente também citou mudanças das leis trabalhistas, que visa adaptá-las ao mundo contemporâneo, e a simplificação tributária, que deve reduzir o tempo gasto pelas empresas no pagamento de impostos em 600 horas, das 2,6 mil horas previstas atualmente.
Houve ainda menção à injeção de recursos na economia, por meio do cartão reforma e da liberação do saldo das contas inativas do FGTS, que totalizam R$ 41 bilhões.
*Estadão Conteúdo