O ministro da Agricultura Blairo Maggi afirmou, nesta terça-feira, que os prejuízos causados pela Operação Carne Fraca ao setor são "incalculáveis". Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Maggi voltou a criticar a forma como as investigações foram divulgadas pela Polícia Federal (PF), na última sexta-feira. De acordo com o ministro, as declarações fizeram uma "mistura" entre as apurações de corrupção de servidores e empresários e a questão sanitária, que envolve a qualidade da carne.
– Nosso sistema (de certificação da carne) não está em xeque, não está sendo investigado. Mas a mistura dos dois (corrupção e questão sanitária) acaba trazendo intranquilidade aos consumidores brasileiros e também aos mercados que somos vendedores lá fora – avaliou o ministro.
No domingo, Maggi, criticou "a falta de amparo técnico" na ação da PF, que teria gerado erros de interpretação nas escutas dos diálogos dos suspeitos. A afirmação foi feita diretamente ao diretor-geral da PF, delegado Leandro Daiello, que rebateu as críticas.
Leia mais
Diretor da PF e ministro da Agricultura tiveram reunião ríspida
Blairo Maggi determina intervenção nas superintendências em GO e PR
Carne Fraca: quais pontos da apuração da PF são contestados por especialistas
Tentando contornar a repercussão econômica negativa da operação da PF, Maggi afirma que o Ministério da Agricultura reconhece os desvios de conduta de servidores e apoia as investigações de corrupção na pasta. No entanto, o ministro reforçou que dúvidas técnicas sobre o processamento da carne devem ser esclarecidas pela PF junto à Agricultura para "não criar um ambiente ruim para os negócios brasileiros".
– O que precisa daqui para frente, se surgirem dúvidas, é que o Ministério da Agricultura ou outro técnico seja consultado – defende Maggi.
Uma portaria do governo federal, publicada na segunda-feira, exonerou os superintendentes da Agricultura no Paraná e em Goiás. Maggi afirmou que a maioria dos chefes da pasta nos Estados já são servidores de carreira e adiantou que há um decreto em discussão no Planalto para inibir indicações políticas nas superintendências.
– Esse é um processo que a gente vem discutindo há muito tempo no Brasil. Inclusive, há um decreto presidencial pronto que, a partir desse ano, não se poderá mais ter nas superintendências pessoas que não sejam do quadro do Ministério da Agricultura. É um avanço – disse o ministro, sem especificar uma data para a publicação do texto.
Sobre a desconfiança do mercado externo, Maggi classifica como "natural" os pedidos de esclarecimentos em relação à qualidade da carne brasileira.
– Estamos sendo céleres, estamos atentos para fazer essas fiscalizações e vir a público dizer quais (empresas) tinham problemas na linha de produção. Espero que não encontremos esses problemas, a não ser esses desvios de conduta (de servidores).