O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou, na noite desta segunda-feira, que a política econômica do governo "mudou de direção" e avalia que as reformas implementadas "neste curto período já mostram resultados positivos".
– Diversas reformas e ajustes na economia brasileira aumentaram a confiança e reduziram a percepção de risco da economia brasileira. No campo da avaliação de risco do Brasil, observa-se avanço muito significativo. O CDS caiu de aproximadamente 500 pontos-base no início de 2016 para cerca de 240 pontos-base atualmente – destacou.
Leia mais:
Mercado reduz projeção para a inflação em 2017 pela terceira semana seguida
Mesmo com crise da carne, superávit comercial deve crescer 15,9%, prevê BC
Entrada de dólares supera saída em US$ 2,567 bi no ano até dia 17 de março
Para ele, a queda do risco evidencia maior confiança dos investidores externos na capacidade de solvência do país, "fruto das reformas e do foco no combate à inflação e na recuperação da atividade econômica".
A avaliação faz parte de discurso feito em jantar oferecido pelo Museu Judaico de São Paulo. A reunião não foi aberta para imprensa, mas os principais pontos da fala do presidente do BC foram publicados no site da autoridade monetária.
Na opinião do presidente do BC, o andamento da reforma fiscal em curso, com destaque para a aprovação da PEC do teto dos gastos e o encaminhamento da reforma da Previdência, tem sido favorável e será decisivo para o bom desempenho futuro da economia brasileira.
Ilan lembrou que a inflação vem desacelerando e afirmou que o trabalho do governo e do BC nos últimos meses tem sido efetivo em conter a inflação e ancorar as expectativas.
– A evidência empírica tem novamente corroborado a importância da atuação da política monetária, e da política econômica de forma geral, para o controle da inflação. É importante ancorar as expectativas antes de iniciar o ciclo de flexibilização monetária – disse.
Além disso, o presidente do BC voltou a afirmar que a recessão atual é resultado de "excessos do passado", avaliando que o choque de oferta enfrentando pelo País a partir de 2011 foi "erroneamente interpretado como temporário e tratado com políticas excessivamente intervencionistas".
– Nesse contexto as expectativas estavam desancoradas – disse.
Ilan também afirmou que o atual cenário econômico mundial é "especialmente incerto", mas está inserido em contexto "de recuperação gradual" da atividade global.
– Há incertezas quanto à implementação e possíveis repercussões externas da política econômica do novo governo nos Estados Unidos, na área do comercio internacional, estímulos fiscais, desregulamentação financeira e outros – destacou.
O presidente do BC ressaltou ainda que os Estados Unidos estão perto do pleno emprego e o efeito dos estímulos pode ser mais limitado.
– É mais provável que em outras regiões, como a Europa, o estímulo global produza efeitos positivos no crescimento, com menores impactos na inflação e na política monetária – avaliou.
– Essa assimetria tende a fortalecer o dólar e colocar maior pressão nas taxas de juros americanas – acrescentou.
Na sequência, o presidente do BC avaliou que a incerteza do cenário global pode ter implicações para as economias emergentes, mas ponderou que o Brasil está menos vulnerável a choques externos, com o balanço de pagamentos numa situação confortável.
Ele destacou também que o estoque de reservas internacionais ultrapassa US$ 370 bilhões, aproximadamente 20% do PIB.
– Esse colchão funciona como um seguro em momentos turbulentos do mercado – disse Ilan, lembrando que o estoque de swaps cambiais foi reduzido de U$108 bilhões para U$22 bilhões.
– Esse montante menor traz mais conforto.
Apesar das incertezas sobre o cenário externo, afirmou, tanto os EUA quanto outraseconomias avançadas vêm se recuperando.
*Estadão Conteúdo