A revelação de que publicidade de grandes empresas e até do governo britânico aparecia junto de conteúdo extremista no YouTube levou o Google a perder mais de 250 anunciantes (entre eles, gigantes como McDonald's e Walmart) – e recuperá-los deve pesar no bolso da líder global de buscas na internet. Isso porque empresas já estão exigindo descontos para continuar anunciando no site de vídeos, e em uma categoria que atualmente o Google cobra mais caro.
O Google tem hoje um preço maior para seus clientes se eles quiserem que sua publicidade tenha como alvo um público específico ou um determinado conteúdo. Porém, Rob Norman, diretor digital do Group M, um dos principais compradores de mídia digital e que integra a WPP (maior grupo de publicidade do mundo), disse que muitos dos seus clientes estão exigindo que seus anúncios sejam publicados nessa categoria, para reduzir os riscos de aparecer ao lado de conteúdo extremista. E, ainda segundo o executivo, dadas as circunstâncias, eles não estão dispostos a pagar mais por isso.
– Os anunciantes vão negociar uma redução nos valores cobrados a mais pelo Google para ficarem restritos a canais mais seguros.
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De qualquer jeito, a receita do YouTube e do grupo em geral já deve sentir um impacto por causa dos mais de 250 anunciantes que anunciaram sua retirada do site desde que o jornal britânico The Times revelou no mês passado que até anúncios do Home Office, ministério britânico responsável pelo combate ao terrorismo, eram exibidos em sites com conteúdo ligado a grupos extremistas e com conteúdo ofensivo – com mensagens homofóbicas e antissemitas.
A primeira leva de boicote à publicidade no Google teve início com empresas europeias como a montadora Volkswagen, o laboratório GlaxoSmithKline e o próprio governo do Reino Unido.
Nos últimos dias, as restrições chegaram ao mercado americano, com a adesão de alguns dos maiores anunciantes globais, como PepsiCo, Walmart, AT&T, Johnson & Johnson, Verizon e Starbucks. Várias dessas marcas disseram que só retornarão ao YouTube e a outros sites do Google após terem certeza de que a situação foi resolvida.
A Associação Nacional dos Anunciantes dos EUA tratou como uma "crise" a publicação de anúncios ao lado de vídeos extremistas. Ela exigiu que o Google e outros grupos de publicidade digital "tomem as medidas necessárias para garantir a segurança e a reputação de nossas marcas".
Desculpas
Com o aumento da pressão dos anunciantes, o Google pediu desculpas e prometeu na semana passada policiar melhor seus sites ao elevar o número de funcionários e revisar suas políticas.
No último sábado, porém, reportagem do jornal americano The Wall Street Journal mostrou que algumas das maiores marcas do mundo, como Coca-Cola, Microsoft, Procter & Gamble e Amazon, continuavam a aparecer com vídeos de conteúdo racista.