Deputados protocolaram, na noite desta quarta-feira, na Câmara, o pedido de criação de uma CPI para investigar as denúncias apontadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Carne Fraca. Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Ivan Valente (PSOL-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP) coletaram 208 assinaturas de apoio à comissão, 37 votos a mais que o mínimo necessário exigido pelo regimento interno.
Leia mais:
Maggi vai a supermercado em Brasília acompanhar fiscalização de carne
Nem 1% do descoberto pela PF foi mostrado, diz denunciante da Carne Fraca
Média diária de embarque de carnes caiu de US$ 63 milhões para US$ 74 mil, diz Maggi
No pedido de instalação da comissão, os deputados sugerem a apuração de irregularidades na fiscalização fitossanitária no País, com base na ação policial deflagrada na última sexta-feira. Segundo a PF, um grande esquema de corrupção envolveu empresas de alimentos e fiscais do Ministério da Agricultura.
De acordo com a investigação da PF, fiscais que deveriam emitir certificados de que os produtos estavam de acordo com as regras sanitárias, recebiam propina para liberar os documentos sem fiscalização efetiva. A operação envolveu 1,1 mil policiais, 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalhos dos investigados e empresas supostamente ligadas ao esquema. As duas das maiores produtoras e exportadoras de carne do Brasil, a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e o JBS, dono da Friboi e da Seara, foram citadas nas investigações.
Pelo menos nove pedidos de criação de CPI aguardam despacho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e normalmente a permissão de instalação obedece a ordem da fila de pedidos. Duas CPIs estão em andamento na Casa hoje: a da Funai e Incra 2 e da Lei Rouanet. A Mesa Diretora permite o funcionamento simultâneo de, no máximo, cinco CPIs por vez.
*Estadão Conteúdo