A produção da indústria do Rio Grande do Sul teve uma forte expansão em dezembro sobre novembro. No mês, o setor registou alta de 6,3%, incluindo o ajuste sazonal. O resultado fica acima da média nacional, que subiu 2,3% em dezembro de 2016. Os números da atividade industrial dos Estados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
A elevação da indústria gaúcha foi suficiente para eliminar a perda dos meses anteriores e amenizar a queda acumulada de 2016. Apesar do avanço de dezembro, 2016 fechou com recuo de 3,8% na produção das fábricas do Rio Grande do Sul, queda menos elevada do que a registrada no ano de 2015 (-11,5%). Na comparação com dezembro de 2015, a alta foi de 3,3%.
Para César Conceição, economista do Núcleo de Contas Regionais da Fundação de Economia e Estatística (FEE), a comparação entre os dados de 2015 e 2016 devem levar em conta que o país enfrentava uma grave crise econômica, aprofundada no ano passado.
– A base de comparação é com uma crise profunda, que estava muito séria em 2015 e continuou se aprofundando em 2016.
É o que, na economia, chama-se ajuste sazonal: uma flutuação que depende de fatores climáticos, festas natalinas, férias escolares, entre outros. Para explicar a sazonalidade, o IBGE cita como exemplo o crescimento do trabalho temporário no final do ano e a conseqüente queda da taxa de desemprego de novembro para dezembro.
Rio Grande do Sul
Dezembro de 2016
Oito dos 14 setores pesquisados tiveram expansão na produção. O principal impacto positivo sobre o total da indústria foi observado no ramo de máquinas e equipamentos (35,9%), impulsionado pela maior fabricação de tratores agrícolas, máquinas para colheita, aparelhos de ar-condicionado, máquinas para extração ou preparação de óleo ou gordura animal ou vegetal e partes e peças para máquinas e aparelhos para agricultura e pecuária.
Os dados corroboram com a avaliação de César Conceição. Segundo ele, o setor de máquinas agrícolas é o principal responsável pelo crescimento da atividade no Estado.
– Aqui, esse setor é muito forte, é o diferencial da indústria gaúcha.
Acumulado de 2016
As principais influências negativas foram assinaladas pelos ramos de produtos de fumo (-35%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (-10%). Houve queda forte na fabricação de cigarros e de automóveis.
Por outro lado, o impacto positivo mais importante sobre o total da indústria foi observado no ramo de celulose, papel e produtos de papel (33,8%). Impulsionado, sobretudo, pela maior fabricação de pastas químicas de madeira (celulose) com a ampliação da Celulose Riograndense, em Guaíba.
Questionado sobre as projeções para 2017, Conceição indica que a atividade industrial depende das expectativas de retorno de investimento, uma vez que as empresas investem esperando que o consumidor adquira seus produtos.
– Já temos alguns indicadores para a retomada da indústria (neste ano): a estabilização da inflação, que atingiu a meta; a redução da taxa de juros, que acaba afetando o segmento de máquinas agrícolas. O produtor depende muito do crédito para investir em equipamentos. Além disso, é necessário que haja uma melhora no mercado de trabalho, porque assim as famílias continuam consumindo.
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País
Dezembro de 2016
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - Regional (PIM-PF), na série com ajuste sazonal, o principal destaque entre os dez locais com incremento da produção foi o avanço de 12,4% anotado no Ceará, o que eliminou a perda de 8,4% acumulada entre agosto e novembro.
Os dados do IBGE indicam que o Rio Grande do Sul (6,3%), Espírito Santo (5,1%), região Nordeste (4,9%) e Santa Catarina (3,6%) também assinalaram crescimento acima da média da indústria, que foi de 2,3% nos 14 locais envolvidos na pesquisa.
Minas Gerais fechou dezembro com sua produção crescendo os mesmos 2,3% da média nacional. Também fecharam com resultados positivos, embora abaixo da média de 2,3%, Goiás (1,4%); Bahia (1,4%); Paraná (0,8%); e Pernambuco (0,6%).
Entre os quatro estados que encerraram dezembro com queda na produção industrial frente a novembro, portanto na serie livre de influencias sazonais, aparecem o Amazonas, que, ao terminar o mês com retração de 2%, apresentou a queda de maior magnitude, e São Paulo (-1,5%), ambos com os resultados negativos mais acentuados entre novembro e dezembro e revertendo o crescimento verificado em novembro, quando cresceram, respectivamente, 4,1% e 1,4%. As demais taxas negativas ficaram com o Rio de Janeiro (-0,9%) e Pará (-0,7%).
Bahia e Goiás apresentaram recuos mais intensos, com respectivamente -9,3% e -9,0%. Completam o quadro de resultados negativos Mato Grosso (-2,3%), a região Nordeste (-0,8%), São Paulo (-0,6%) e Rio de Janeiro (-0,4%).
Acumulado de 2016
No país, o setor teve baixa de 6,6%. Apenas o Estado do Pará apresentou crescimento na atividade industrial, com avanço de 9,5% no ano. O principal destaque negativo foi o Espírito Santo, cuja produção industrial caiu 18,8% de janeiro a dezembro. Em seguida, vêm o Amazonas (-10,8%), Pernambuco (-9,5%) e Goiás (-6,7%).
*Com informações da Agência Brasil