Com a popularidade em queda, assim como a confiança dos brasileiros na economia, o presidente Michel Temer anunciou nesta quinta-feira, em Brasília, um pacote para ajudar o país a sair da recessão. As medidas anunciadas foram divididas em 10 áreas e, segundo Temer, têm o objetivo de aumentar a produtividade do país e, consequentemente, combater o desemprego.
Entre as ações, a criação de um programa de regularização tributária, voltado para pessoas físicas e jurídicas, que pode render R$ 10 bilhões para o governo, segundo cálculos do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Também constam a renegociação de dívidas de empresas junto ao BNDES, incentivo ao crédito imobiliário, redução da multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o empregador e possível aumento do rentabilidade do fundo.
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Especialistas e lideranças empresariais gaúchas consultadas pela reportagem consideraram o pacote bem-vindo, mas ainda insuficiente diante das projeções negativas para a economia, do clima de instabilidade política e das altas taxas de desemprego – 11,8% no país e 8,7% no Estado. Além disso, a maioria das medidas depende de edição de medida provisória e avaliação do Conselho Monetário Nacional (CNM).
Para o economista Fernando Ferrari, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), embora algumas das iniciativas sejam pertinentes, como a renegociação de dívidas e a desburocratização dos processos para abertura e fechamento de empresas, é muito pouco provável que a economia brasileira reaja. Ferrari classifica a situação brasileira em nível político, econômico e social como "muito dramática".
– A economia brasileira entrou em um círculo vicioso difícil de sair. Esse pacote é mais para tentar mostrar para a sociedade que o governo não está parado, que não foi absorvido pela crise política, moral e econômica – disse Ferrari.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller, com o pacote, o governo emite sinais para melhorar a confiança de empresários e consumidores. O dirigente afirmou que o anúncio contemplou algumas questões "absolutamente estratégicas", que diminuem o chamado custo Brasil, além de reivindicações históricas, como a redução da multa do FGTS:
– Muitas vezes, precisamos de sinalizações, como foi a PEC do Teto. Isso vai animar o mercado e melhorar o nosso rating (classificação de risco) junto ao mercado mundial, atraindo investidores. Mas esperamos mais coisas, para que a gente possa viabilizar o mercado para as famílias consumirem mais e as indústrias venderem mais e recolherem mais tributos.
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio), Luiz Carlos Bohn, o pacote é positivo, mas o governo precisa seguir com a meta de equilibrar as contas públicas. Bohn acrescenta que a taxa de desemprego poderia ser ainda maior, pois há contingente de trabalhadores ociosos, que não foram dispensados na esperança de que haja uma retomada da economia:
– Não podemos mais esperar. A sociedade está ansiosa por uma melhora já no próximo ano. Essas medidas são benéficas, mas estamos passando uma travessia muito complicada.
De acordo com a presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite, as medidas são fundamentais e vão ao encontro do trabalhador e do empresário que estão endividados:
– A gente entende que é um inicio. São um passo à frente. Não é tudo o que se espera, não é o ideal, mas é o possível.