Os economistas do mercado financeiro alteraram levemente suas projeções para a inflação neste ano. O relatório de mercado Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, mostra que a mediana para o IPCA – o índice oficial de inflação – em 2016 foi de 6,52% para 6,49%. Há um mês, o indicador era projetado em 6,80%. Já o índice para o ano que vem permaneceu em 4,90%. Há quatro semanas, apontava 4,93%.
Esta é a primeira vez, neste ano, que os economistas projetam uma inflação para 2016 dentro da margem perseguida pelo Banco Central (BC). O centro da meta de inflação é de 4,5%, mas a margem de tolerância é de 2 pontos porcentuais (IPCA até 6,5%). Para 2017, o centro da meta também é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual (até 6%).
Leia mais
Banco gaúcho vai investir R$ 100 milhões e contratar 500 trabalhadores
Governo estuda proposta de jornada flexível em reforma trabalhista
Crise de crédito tirou R$ 1 trilhão da economia e aprofunda recessão
No dia 9 passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de novembro ficou em 0,18% – abaixo das expectativas do mercado e da taxa de 0,26% de outubro. O resultado reforçou a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom), em sua reunião de janeiro, vai acelerar os cortes da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 13,75% ao ano.
O próprio BC já havia passado indicações neste sentido ao publicar a ata do encontro do fim de novembro do comitê. No início de dezembro, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que um corte maior dos juros pode ser "o primeiro passo no ano que vem".
Dólar mais barato ao final deste ano
De acordo com o relatório Focus, a cotação do dólar estará em R$ 3,38 no encerramento de 2016, ante a previsão de R$ 3,39, projetada uma semana antes. Há um mês, estava em R$ 3,30.
Para o fim de 2017, a mediana para o câmbio passou de R$ 3,45 para R$ 3,49 de uma divulgação para a outra. Há um mês, a expectativa era de que a moeda norte-americana fosse cotada a R$ 3,40 no próximo ano.
Projeção para o PIB em 2017 recua pela nona vez seguida
Nesta semana, o mercado indicou manutenção nas projeções de atividade para 2016 e mudança, para pior, nas estimativas para 2017. Conforme o documento divulgado pelo BC, a mediana para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 seguiu em retração de 3,48%. Há um mês, a perspectiva era de recuo de 3,4%.
Na semana passada, o Banco Central informou que seu índice de atividade (IBC-Br) recuou 0,48% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo mês de 2015, o indicador desabou 5,28% na série sem ajuste. O resultado, na visão de alguns economistas, reforçou a expectativa de que a economia volte a crescer apenas em 2017. Em comunicações recentes, o próprio BC citou uma atividade econômica "aquém do esperado no curto prazo".
Para 2017, porém, o Focus mostra que a percepção piorou. O mercado prevê para o país um crescimento de 0,58% no próximo ano, abaixo do 0,7% projetado uma semana antes. Há um mês, a expectativa era de 1%. Em suas projeções, o Ministério da Fazenda trabalha com a estimativa de crescimento de 1% para o próximo ano.
No relatório Focus desta segunda, as projeções para a produção industrial também indicaram um cenário difícil. A queda prevista para este ano passou de 6,68% para retração de 6,72%. Para 2017, a projeção de alta da produção industrial seguiu em 0,75%. Há um mês, as expectativas para a produção industrial estavam em recuo de 6,02% para 2016 e alta de 1,11% para 2017.
No início de dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial em outubro caiu 1,1% ante setembro e desabou 7,3% em relação a outubro do ano passado.
Já a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para este ano permaneceu em 45,20% no Focus. Há um mês, estava em 44,90%. Para 2017, as expectativas no boletim Focus foram de 51% para 50,75%, ante projeção apontada um mês atrás de 49,90%.
Taxa básica de juros em 10,5% ao ano em 2017
Para as instituições financeiras, a Selic encerrará 2017 em 10,5% ao ano, mesmo projeção divulgada há uma semana. A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.