Desde o último corte da taxa de juro, em outubro de 2012, a taxa Selic quase dobrou. Passou de 7,25% para 14,25% em uma busca demorada e em vão para tentar conter a inflação, que acabou fechando 2015 em 10,67%, a maior desde 2002. O juro ascendente aliado à crise política contribuiu para o país enfileirar seis trimestres consecutivos de PIB no vermelho. Agora, o reinício do ciclo de alívio monetário é visto como mais um ingrediente para ajudar à retomada da atividade.
As expectativas do mercado indicam que foi deflagrado ciclo de sucessivos cortes ao longo dos próximos meses que podem levar a Selic a 11% ao final de 2017, nível de boa parte de 2014, antes das eleições presidenciais. Para Hugo Monteiro, analista de investimentos da BullMark Financial Group, é possível ter taxa abaixo de 10% em 2017.
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Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, entende que as condições para essa nova era estão criadas e, até o fim do próximo ano, chegar a 10% não seria exagero. Carlos Pedroso, do Mitsubishi UFJ Financial Group, crava em 10,75%.
– A economia está asfixiada. Estamos há um ano e meio com PIB negativo devido a uma série de medidas econômicas equivocadas. Não adianta baixar o juro no porrete. Agora temos condições porque o governo sinalizou o ajuste fiscal. Isso autoriza o BC a retirar este torniquete que vem sufocando a economia – diz Espirito Santo.
O economista sênior do Mitsubishi UFJ Financial Group (MFUG) Carlos Pedroso lembra que o país está em recessão, o crédito retraído e não há pressão de demanda que possa contaminar a inflação. Com isso, as expectativas do mercado de inflação para 2017 estão muito próximas do projetado pelo Banco Central e, para 2018, coincidem. Começar a baixar juros agora, avalia, é um empurrão para a economia sair da letargia via investimento e também deve se traduzir em recuperação do consumo a partir do segundo semestre do próximo ano, quando o mercado de trabalho também pode começar a virar o jogo.