O anúncio da Petrobras de que vai reduzir em 2,7% o preço do diesel nas refinarias, com reflexo estimado de R$ 0,05 nas bombas, não deve levar a queda no custo do frete. A previsão é da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que congrega as empresas do ramo no país.
O diretor técnico da entidade, Neuto Gonçalves dos Reis, observa que, no caso de frete de longa distância, com trajeto a ser percorrido acima de 2,4 mil quilômetros, o diesel tem peso de 35% no custo do caminhão. A redução no preço do combustível, calcula o especialista, representa diminuição de apenas 0,95% nos gastos operacionais.
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O problema, sustenta Reis, é que a pressão dos demais custos inviabiliza o repasse. A queda no preço dos combustível, avalia, será usada para diminuir prejuízos ou para melhorar margens de lucro.
– Temos defasagem muito grande no frete. Então, creio que os transportadores vão resistir a repassar – avalia.
O Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado (Conet) indicou em agosto que as tarifas dos fretes de mercadorias fracionadas (diversos itens em um mesmo veículo) estão defasadas em 9,81% e, no caso das cargas de lotação (como grãos e combustíveis), o índice chega a 22,9%. O resultado seria consequência, de um lado, da alta dos custos nos últimos anos com combustível, salários e aumento dos combustíveis. De outro, da impossibilidade de repasse devido à recessão.