No primeiro relatório Focus divulgado após os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as previsões para a inflação em 2016 pioraram. Em meio à forte pressão nos preços dos alimentos, os economistas do mercado elevaram de 7,20% para 7,31% a projeção mediana para o IPCA deste ano. Quatro semanas atrás, o mesmo indicador estava em 7,26%.
Para 2017, após uma série de cortes nas projeções, o mercado manteve em 5,14% a previsão para o IPCA. As estimativas ficam distantes do centro da meta da inflação do Banco Central de 4,5%. Para 2016, a projeção ultrapassa também o limite superior da meta que é de 6,5%.
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Projeção de nova alta nos juros em 2016
Com o aumento da estimativa de inflação para 2016, os economistas do mercado passaram a prever menos cortes para a Selic (taxa básica de juros) ainda neste ano. A abertura dos dados do relatório Focus mostram que, na terça-feira, as projeções do mercado para a Selic no fim de 2016 estava em 13,50%. Com a divulgação dos números do IPCA na última quarta-feira, essa projeção passou para 13,75%. Já a projeção para a cotação do dólar segue em R$ 3,30, ao final de 2016, e em R$ 3,50, no fim de 2017.
Apesar da pressão trazida pelos alimentos em 2016, o mercado segue projetando para o fim de 2017 uma Selic em 11,00% ao ano. Isso significa que, ao longo do próximo ano, o Banco Central, com a inflação já mais controlada, teria espaço para promover cortes maiores da Selic.
Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, a meta é conter a demanda, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.
Mercado revisa estimativa de queda do PIB
Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) diminuíram, pela terceira semana consecutiva, a projeção de encolhimento da economia. Desta vez, a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 3,23% para 3,20%. Para 2017, a projeção de crescimento segue em 1,1% há quatro semanas seguidas.
As estimativas fazem parte de pesquisa feita todas as semanas pelo BC sobre os principais indicadores da economia.