A queda de mais de 20% no dólar desde o início do ano devolveu aos gaúchos a faceirice das compras na fronteira. Os eletrônicos – cuja diferença de preço no Brasil e no Exterior é elevada em razão da alta carga tributária por aqui e da falta de produtos nacionais – voltaram a apresentar vantagem quando comprados em lojas de Chuy ou Rivera, por exemplo, e nos EUA.
O preço do Smartphone Galaxy S6 Edge é quase R$ 1 mil mais baixo nos freeshops do que no Brasil (confira na tabela ao lado). Mesmo considerando o imposto de importação cobrado pela Receita sobre a diferença acima de US$ 300 (que hoje, com o dólar a R$ 3,18, são R$ 954), a economia é de mais de R$ 200 na comparação com preços vistos em Porto Alegre ou sites brasileiros de varejo. Essa vantagem inexistia quando o dólar caminhava na casa dos R$ 4.
Leia mais
A diferença de preços dos eletrônicos no Brasil, na Fronteira e nos EUA
Com o dólar em queda, será a hora certa de viajar para o Exterior?
Prepare a agenda de compromissos financeiros do segundo semestre
Produtos mais simples, como fones de ouvido, chromecasts e cafeteiras elétricas, cujo valor não ultrapassa a cota estabelecida pelo governo brasileiro, são ainda mais vantajosos nos freeshops. Por outro lado, alguns itens mais caros, como tablets e videogames, deixam de ser vantajosos em razão do tributo.
Quem tem condições de embarcar para os Estados Unidos encontra preços ainda melhores. Uma câmera Go Pro Hero 4 custa três vezes menos em Miami ou Nova York do que no Brasil, e metade do valor cobrado na fronteira. Como a isenção tributária para compras no Exterior é de US$ 500, ou R$ 1.590 na atual cotação, a compra vale a pena.
Embora o valor nas etiquetas seja sedutor, o consumidor precisa medir todos os gastos para que o negócio efetivamente seja bom. Consultores financeiros costumam lembrar que é preciso incluir no orçamento o preço da passagem (se for ao Exterior), da gasolina e do pedágio (se for na fronteira) e os custos adicionais com alimentação e estadia. Há ainda o gasto intangível de tempo de deslocamento.
– Se o comprador já está próximo da fronteira, em uma viagem para visitar amigos ou parentes, por exemplo, pode valer a pena esticar até os freeshops. Mas se vai sair de Porto Alegre só para comprar, os gastos adicionais podem ser muito altos – pondera o educador financeiro Everton Lopes.
É preciso também pesar os gastos com impostos. Muitas vezes, a fatia da Receita corrói toda a vantagem de comprar nos freeshops.
– Algumas pessoas assumem o risco de não declarar para escapar do imposto, e com isso podem ter um custo dobrado com o tributo e a multa, caso sejam pegas pela fiscalização – observa Lopes.
Como funciona a tributação para compras na fronteira?
>> Por fronteiras terrestres, fluviais ou lacustres, o limite para cada pessoa é de US$ 300 (hoje, R$ 954) em compras sem pagar tributo. O valor excedente tem cobrança de 50% de impostos de importação.
>> Receita Federal impõe quantidades máximas, para impedir a venda dos produtos no Brasil.
>> Nas compras no Exterior, para quem viaja de avião ou navio, o limite é de US$ 500 (R$ 1.590).