Com o impulso do câmbio, que ajudou a deixar os produtos gaúchos mais baratos no Exterior, o Rio Grande do Sul bateu recorde de exportações no primeiro semestre de 2016. Entre janeiro e junho deste ano, foram embarcadas 11,5 milhões de toneladas em mercadorias, o maior volume da série histórica iniciada em 1989. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Núcleo de Dados e Estudos Conjunturais da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Apesar da quantidade maior de produtos comercializados, a arrecadação com as vendas ficou em US$ 7,7 bilhões, o menor valor desde 2010. Um recuo de 4,4% (US$ 349,9 milhões) em relação ao mesmo período de 2015. A aparente contradição é reflexo da forte retração nos preços dos produtos exportados. As principais mercadorias produzidas pelo Rio Grande do Sul vêm perdendo valor no mercado internacional.
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– O efeito do dólar teve certa importância no volume de vendas, mas as principais causas para o recorde de embarques foram a retração no mercado doméstico, que levou os produtores brasileiros a olharem para fora, e a maior demanda dos principais parceiros comerciais. O preço mais competitivo no cenário internacional também ajudou: 9 dos 10 principais clientes compraram mais. O entrave foi o preço das mercadorias em dólar, que vem caindo, e impactando no faturamento – afirma Tomás Torezani, pesquisador da FEE.
Com o resultado, o Estado perdeu uma posição no ranking nacional, passando para a quinta colocação, ultrapassando o Rio de Janeiro (em função da redução do preço do petróleo), mas sendo superado por Mato Grosso (pela forte elevação das vendas de soja e milho em grãos) e Paraná (pelo crescimento das vendas de soja em grão).
Trigo recua, celulose avança
Com relação à exportação de produtos básicos, houve diminuição das vendas de trigo em grãos (-64,4% em valor) e farelo de soja ( -21,8% em valor ). Por outro lado, cresceram as vendas de carne bovina e de bovinos vivos, que não haviam sido exportados no primeiro semestre de 2015.
No grupo dos manufaturados, os maiores recuos foram percebidos nas exportações de máquinas e aparelhos para uso agrícola (-41,7% em valor) e hidrocarbonetos (-24,8% em valor).
O grupo dos semimanufaturados foi o único a ter aumento nos valores. O crescimento ocorreu em virtude das vendas de celulose (acréscimo de 757,2% em valor), o que compensou a queda na comercialização de outros produtos, como óleo de soja em bruto (-25,8% em valor ) e couros e peles (-6,3% em valor).
Reflexo da expansão da empresa Celulose Riograndense, a celulose também foi destaque em volume embarcado. Dos 307 produtos exportados no semestre, 52 bateram recorde em volume.
O embarque de soja em grãos foi impulsionado pela supersafra histórica. As vendas para o gigante asiático avançaram e também cresceram para Paquistão e Irã. O estabelecimento de novos acordos no âmbito nacional impulsionaram o comércio de automóveis com a Argentina.
Outros produtos relevantes para a pauta exportadora gaúcha, mesmo não registrando recordes, também apresentaram crescimento em suas vendas em relação aos últimos anos. Em especial as carnes, pela recuperação de mercados embargados e pela expansão e abertura de novos destinos.