Os desafios e oportunidades da indústria jornalística diante da concorrência das novas plataformas de distribuição pautaram o debate no terceiro dia do 68º Congresso Mundial de Jornais da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-Ifra), que termina nesta terça-feira em Cartagena, na Colômbia.
A vice-presidente de Jornais e Mídias Digitais do Grupo RBS, Andiara Petterle, participou do painel sobre distribuição de conteúdo em plataformas como Facebook e a batalha pela audiência, dividindo o palco com pensadores de mídia e executivos de comunicação.
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O fortalecimento do modelo de conteúdo pago digital de ZH foi foco da discussão.
Com blogs e redes sociais distribuindo conteúdo gratuito, é sustentável apostar em conteúdo pago?
Não existem bom entretenimento e bom jornalismo de graça, sobretudo aqueles com gente boa, com opiniões de alto nível, apurações precisas e com absoluta independência. Não existem mesmo, nem na internet. Conteúdo profissional, especialmente o local, será cada vez mais dependente do modelo de assinaturas.
Qual é a saída para as marcas de jornalismo vencerem a batalha pela audiência no cenário atual?
Credibilidade e relevância garantem fidelidade. Na Zero Hora, nunca tivemos tantos leitores como temos hoje. São mais de 5,7 milhões de pessoas que leem ZH no papel, no ZH Tablet ou no digital todo mês.
E quanto aos anunciantes?
Por décadas, o modelo que sempre sustentou a geração do bom conteúdo nos veículos de comunicação foi a publicidade combinada, ou não, com a cobrança direta do consumidor. A lógica também é simples: se tem conteúdo bom, tem leitor; se tem leitor, interessa aos anunciantes. Hoje, vemos a publicidade dividida com players que não produzem conteúdo, apenas distribuem. Cabe às marcas de jornalismo seguirem relevantes, a partir do investimento em bom conteúdo, certificação, credibilidade e soluções inteligentes para os clientes. Isso é o que garante que nossos anunciantes conseguirão construir marca e gerar credibilidade para seus negócios. É nossa responsabilidade garantir que as marcas saibam disso.
O crescimento digital significa menos leitores e patrocinadores para o papel?
Criamos o ZH Tablet e estamos investindo cada vez mais na experiência para assinantes digitais no celular e no computador. Acreditamos que o futuro é do conteúdo pago, do jornalismo de qualidade local e transformador e da distribuição digital. Mas o papel continuará firme e forte por muitos anos, até porque sabemos que uma grande parte dos leitores não abre mão de ler o conteúdo impresso. Mas é no digital que somos capazes de gerar mais valor para o leitor porque lá conseguimos oferecer mais conteúdo, em mais formatos, o dia inteiro e em qualquer lugar. Papel, tablet, mobile são plataformas de distribuição para o que produzimos: que é conteúdo, jornalismo profissional e de qualidade.