O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, anunciou nesta segunda-feira os indicados a diretorias da autoridade monetária. Os nomes, apresentados após discurso de transmissão de cargo, ainda precisarão passar por sabatina no Senado.
Para a diretoria de Política Econômica, Ilan escolheu Carlos Viana de Carvalho, que entrará no lugar de Altamir Lopes. Luiz Edson Feltrim, que acumulava duas diretorias, agora irá comandar a de Administração, enquanto o atual procurador-geral do BC, Isaac Sidney Ferreira, passa a ser diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania.
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Reinaldo Le Grazie será o novo diretor de Política Monetária, no lugar de Aldo Mendes. Já Tiago Couto Berriel será diretor de Assuntos Internacionais, no lugar de Tony Volpon. De acordo com Ilan, os demais diretores aceitaram "honrar a missão" de permanecer nas diretorias.
– Tenho convicção que, com essa conformação, o banco será capaz de vencer os desafios que temos à frente – disse.
Permanecerão os diretores Anthero de Moraes Meirelles (Fiscalização), Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural) e Otávio Ribeiro Dâmaso (Regulação).
Meta da inflação
Goldfajn também defendeu, nesta segunda-feira, o regime de metas para a inflação e afirmou que irá perseguir o centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com ele, os limites de tolerância a esse alvo central devem ser utilizados apenas para acomodar choques inesperados na dinâmica de preços.
– Terei como objetivo cumprir plenamente a meta de inflação determinada pelo CMN, mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância servem para acomodar choques imprevistos que não permitam retorno ao centro da meta em tempo hábil – discursou. – O único alvo a ser perseguido é o centro do intervalo – enfatizou.
Goldfajn avaliou ainda que é importante realizar um trabalho de gerenciamento de expectativas que indique no presente a convergência para o centro da meta em um futuro não muito distante.
– É relevante que a trajetória de convergência seja ao mesmo tempo desafiadora e crível. A comunicação do BC com a sociedade precisa ser simples, direta e concisa. A comunicação precisa também deixar claras as condições necessárias para as perspectivas apresentadas – completou.
O país adota o regime de metas de inflação desde 1999 e o novo presidente do BC lembrou de sua passagem pela instituição entre 2000 e 2003, período em que ocupou a diretoria de Política Econômica.
– Participei da implementação do regime no país e conheço não só seu princípio, como o seu funcionamento. O regime de metas de inflação é um robusto arcabouço de política monetária que já provou sua eficácia mesmo em cenários de estresse no Brasil e no mundo – acrescentou.
Goldfajn avaliou que assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, mantendo a inflação baixa e estável, cria condições para a recuperação do crescimento sustentável necessário para o progresso social do país.
– Inflação baixa é um bem público da maior relevância que foi conquistado pelo País há 20 anos. Ninguém quer de volta ou admite retorno a um período de inflação alta – afirmou.
Para o novo presidente do BC, não há crescimento sustentável e bem-estar social duradouro sem uma inflação baixa e estável.
– A literatura econômica já refutou o falacioso dilema entre inflação baixa e crescimento econômico. Uma inflação alta desorganiza a economia e inibe o investimento e o consumo. A sociedade é mais justa com um menor imposto inflacionário – concluiu.
Autonomia
Goldfajn disse que o governo de Michel Temer se comprometeu a mandar ao Congresso uma projeto de emenda à Constituição para garantir "autonomia operacional ou técnica" ao BC, como requisito para a retirada da condição de ministro ao presidente da instituição. A discussão sobre a autonomia do BC está sendo liderada, segundo ele, pelo ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, Henrique Meirelles.
– Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante à redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança, todas essenciais para a retomada do crescimento de forma sustentada – afirmou Ilan na cerimônia de posse nesta segunda.
Goldfajn disse que trabalhará para aprimorar a atuação de supervisão do BC de forma a garantir que o sistema financeiro continue sólido e bem capitalizado. Também disse que se esforçará para corrigir distorções e melhorar a eficiência do sistema bancário, com a simplificação de regras. – Vamos aprimorar continuamente a regulação e fiscalização para bancos públicos e privados – disse.
O novo presidente do BC repetiu a análise que fez do cenário internacional na sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. "O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA", disse.
Sobre a economia nacional, disse ainda que a situação econômica exige grande atenção.
– Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal – discursou. – A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos – completou.
Ele afirmou ter "absoluta confiança" na reversão do atual quadro interno.