O presidente interino, Michel Temer, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciaram um pacote com três medidas para conter o déficit público. Entre elas, a única com efeito direto foi o anúncio da extinção do Fundo Soberano do Brasil (FSB), que conta atualmente com R$ 2 bilhões de patrimônio. O fundo foi criado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva como destino para os recursos do pré-sal. A medida depende apenas do Executivo para ser colocada em prática, sem necessidade de aval do Congresso.
O anúncio acertou em cheio as ações do Banco do Brasil, que operavam em alta e passaram para a coluna das maiores quedas do Ibovespa. Isso porque os papéis do banco representam 96,8% do patrimônio do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), fundo privado que compõe o FSB e do qual a União é cotista única. Na carteira do fundo estavam 105.024.600 papéis do BB em abril. Em um movimento de antecipação de uma possível venda dos papéis, Banco do Brasil ON fechou em queda de 5,39% e liderou as baixas do Ibovespa.
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O mercado acionário brasileiro teve um dia de cautela diante das incertezas do cenário político e fechou praticamente estável nesta terça-feira, 24, depois de alternar altas e baixas ao longo da sessão. O Índice Bovespa fechou aos 49.345,18 pontos, com ganho de 0,03%. Foi a primeira alta em oito pregões e a segunda desde que Michel Temer assumiu a Presidência da República, no último dia 12. O volume de negócios totalizou R$ 5,19 bilhões, montante bem inferior à média de maio (R$ 7,024 bilhões) e um indicativo de que o investidor está em compasso de espera.
Pela manhã, o Índice Bovespa chegou a subir 1,36% (aos 50.002 pontos), sustentado pelo bom humor no cenário internacional e pela expectativa positiva da divulgação das primeiras medidas econômicas do governo Temer. Após o anúncio do pacote, as ações perderam fôlego e passaram a refletir um sentimento mais cauteloso em relação à capacidade do governo de vencer os próximos desafios. Causou certo mal-estar o imbróglio envolvendo a votação do Projeto de Lei que muda a meta fiscal, considerando o déficit fiscal de R$ 170,5 bilhões para 2016. A matéria não foi votada na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o que levou a oposição a questionar a validade da votação em plenário.
*Estadão Conteúdo