Desde o começo da manhã desta quinta-feira, uma grande fila contornou o prédio do Sistema Nacional de Emprego (Sine), localizado na esquina da Avenida Mauá com a Rua Sepúlveda, no centro de Porto Alegre. No local, estiveram jovens, adultos, idosos, moradores da Capital e de cidades da Região Metropolitana. Apesar das diferenças, o interesse era o mesmo: a busca por um trabalho formal.
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Conforme a Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, cerca de 5 mil pessoas foram até as imediações do Sine para concorrer a 2 mil vagas ofertadas. Recrutadores das empresas – principalmente de supermercados – realizaram entrevistas com os candidatos.
– Sempre há vagas de emprego no Sine. As pessoas podem vir na sexta-feira, por exemplo. A diferença é que nesta quinta os recrutadores estiveram realizando entrevistas aqui no prédio – explica a secretária Municipal do Trabalho e Emprego, Luiza Neves.
Abaixo, Zero Hora apresenta histórias de pessoas que enfrentam o desemprego e foram até o Sine em busca de trabalho.
A busca que já dura um ano
Por volta das 6h, Ketlin Silva Pereira, 20 anos, deixou Viamão, onde mora com o marido, rumo a Porto Alegre. Além de uma bolsa, carregava consigo o desejo de ser contratada para ocupar uma vaga de vendedora ou operadora de caixa no comércio da Capital e espantar o temor do desemprego.
– Estou buscando um novo emprego há um ano. Participei de entrevistas, mas a resposta que recebi foi sempre a mesma. Diziam que iriam ligar depois, mas isso não aconteceu – relatou.
Acompanhada pela irmã, Ketlin enfrentava há mais de cinco horas a fila que contornava o prédio do Sine. No entanto, não desanimava com o número de concorrentes e o calor do início da tarde.
A jovem, que concluiu o ensino fundamental, trabalhou como operadora de caixa em um supermercado da Capital em seu último emprego e quer encontrar uma nova atividade onde seja possível "crescer profissionalmente".
– Estou ansiosa e louca para conseguir uma vaga. Não dá para desistir – salientou.
O pai e o filho
Prestes a entrar no prédio do Sine para realizar a sua entrevista, Gabriel Rodrigues, 20 anos, comemorava o fato de ter vencido praticamente toda a fila no local ao lado do pai, Adão, 63 anos.
– Eu busco uma vaga para auxiliar administrativo. O meu pai, que é aposentado, quer trabalhar como zelador ou porteiro – explicou o jovem.
Escorado em uma parede, após mais de seis horas na fila, Gabriel destacou que já teve carteira assinada há dois anos, quando atuou como empacotador em um supermercado. Depois dessa experiência, prestou serviço militar.
– Eu venho aqui, com esse sol, mais por causa do meu filho – mencionou Adão, sem esconder o sorriso.
O estudante
Formado em Gestão de Recursos Humanos, Marcelo Leonardi, 24 anos, amargava o fim da fila, que já ocupava a calçada da Rua Cassiano Nascimento por volta das 11h. Morador de Sapucaia do Sul, ele busca um emprego há três meses e, de lá para cá, teve que controlar gastos para pagar o aluguel de sua residência em dia.
– Cortei luxos. A cervejinha, por exemplo, caiu fora nos últimos tempos – destacou.
Ao ser informado por meio das redes sociais sobre o mutirão no Sine, Marcelo vislumbrou uma oportunidade para encontrar uma vaga de vendedor ou auxiliar administrativo na Capital. Contudo, ele não sabia que as entrevistas com os empregadores já estavam sendo realizadas naquele momento. Inicialmente, pensou que era necessário apenas entregar e preencher documentos.
– Não sabia das entrevistas. Por isso, vim com essa bermuda – contou.