Que o Banco Central (BC) deve manter a atual taxa de juro na reunião desta quarta-feira, não há muita dúvida. A questão é o que fazer diante de um óbvio impasse: se elevar o juro, a recessão pega, se mantiver, a inflação come.
– Não tem como aumentar nem diminuir – constata o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas.
Mais importantes do que a decisão sobre a taxa serão o comunicado e a ata da próxima semana. Seria a oportunidade para o BC indicar à parte do mercado que ainda crê no objetivo de entregar a inflação no centro da meta em 2016 que de fato abandonou essa agenda. Senão, os juros futuros podem subir de novo, pressionando as empresas, avalia Freitas.
Freitas avalia que, como a resistência em dar sinais mais eloquentes de mudança de prazo para atingir a meta também pode ser recessiva, por elevar o juro futuro, o BC deveria, ainda que no seu peculiar idioma, oferecer perspectivas mais concretas para o mercado.
Mesmo que o juro não suba, a dívida pública tende a aumentar, adverte Freitas, devido à concentração de títulos prefixados que estão no mercado. Conforme os dados mais recentes do Tesouro, 41,59% dos papéis da dívida são prefixados, com custo que aumenta mesmo sem elevação do juro.
E cuidar da terceira consequência da incerteza, a elevação do endividamento:
– O governo teria de encurtar a dívida, trocando esses papéis por outros que oferecessem só a Selic.