Influenciado por itens não recorrentes (que não se repetirão nos próximos trimestres), o resultado contábil consolidado do Grupo Gerdau foi de prejuízo de R$ 1,9 bilhão no período de julho a setembro de 2015. Conforme o presidente da empresa, André Gerdau Johannpeter, esse resultado se deve à decisão da empresa de antecipar do quarto para o terceiro trimestre a reavaliação de ativos (impairment no jargão contábil) determinada pelas regras de apresentação de resultados seguida pela empresa, que representou R$ 2,2 bilhões. Johannpeter esclareceu que nenhum desses ativos fica no Brasil.
Excluída essa operação excepcional, o lucro ajustado do grupo no trimestre ficaria em R$ 193 milhões, 26,3% abaixo de igual período do ano anterior.
Na entrevista concedida para explicar os resultados do trimestre, a Gerdau também confirmou o fato relevante divulgado nesta quinta-feira sobre uma oferta de 500 milhões de ações. Em valores de hoje – as ações subiam na bolsa nesta manhã, logo após a divulgação do prejuízo contábil –, o valor aproximado da oferta ficaria próximo de R$ 3 bilhões.
Apesar de reiterar o "momento desafiador" para a siderurgia, composto por queda de preços internacionais e retração nos principais mercados, Johannpeter destacou o aumento na geração de caixa da empresa. O indicador de lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação, conhecido pela sigla em inglês Ebitda, ficou em R$ 1,3 bilhão, 4% acima do obtido no terceiro trimestre de 2014.
– Isso se deve a um forte trabalho interno de gestão e do crescimento das exportações a partir do Brasil que, embora com baixa rentabilidade, ajudam a diluir o custo fixo – observou Johannpeter.
A Gerdau também anunciou ter negociado, com 16 bancos comerciais, a completa eliminação de instrumentos contratuais que determinam a antecipação de pagamentos de dívida quando a alavancagem (proporção da dívida em relação aos ativos) atinge determinado limite (covenants). Isso foi necessário por que a dívida bruta subiu de R$ 18,5 bilhões, em setembro de 2014, para R$ 27,6 bilhões no último trimestre. Boa parte desse aumento se deve à variação cambial. Embora tenha frisado que não costuma projetar resultados futuros, o vice-presidente executivo de finanças da Gerdau, Harley Scardoelli, estimou que a geração de caixa em dólares tende a reacomodar a relação entre a dívida e a geração de caixa, que subiu de 2,7 para 3,8, dentro de um ou dois trimestres.