Bastou o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, mencionar que fazia um "alerta condenando a tentativa de propor aumento da carga tributária", ao fazer sua saudação ao secretário da Fazenda, Giovani Feltes, na reunião-almoço da entidade de quarta-feira, para a plateia interromper com aplausos - cena pouco frequente no Tá na Mesa. O secretário, deputado por muitos anos, refugiou-se na retórica, mas foi quando fugiu do linguajar rebuscado que passou os recados mais claros:
- Vai doer em todos. Vai ter de prevalecer um bom acordo, em que todos servem e todos perdem um pouco.
Pouco antes, ao lado de Russowsky, Feltes havia afirmado que "em situação de emergência como essa, talvez a gente não possa tirar do nosso horizonte até mesmo a possibilidade de alterarmos a carga tributária". O secretário evitou detalhar quando e de que forma será proposta a elevação de ICMS, dizendo que o governador decidiria "de forma detida, com bom senso e razoabilidade". A plateia estava reforçada em número e em representatividade, com a presença dos presidentes da Fiergs, Heitor José Müller, e da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn. No final do almoço, Müller observou à coluna:
- Não é o empresário que paga imposto mais alto, é o consumidor.
Ontem, a Fiergs anunciou que o setor encerrou o primeiro semestre com retração de 8,1% sobre o mesmo período de 2014, o pior resultado em seis anos. Nesse cenário, ponderou o indústrial, não há como evitar repasse, que provocaria ainda mais perda de mercado para a indústria e o comércio gaúchos. Assim como Russowsky, Müller defendeu reformas estruturais, tanto na previdência quanto na educação. Sobre previdência, lembrou que as regras atuais diferem pouco das que vigoravam quando a expectativa de vida dos gaúchos era de 54 anos.
- Ou se mexe na previdência, ou nada do que se fizer vai adiantar - argumentou.
Sobre o que espera de uma reforma educacional, afirmou que a proporção no Estado é de um professor para cada 13 alunos, sem comparação em qualquer outro lugar. Afirmou que, com a redução do número de habitantes em cidades menores, seria preciso fechar escolas ou unir turmas. E embora tenha dito que não há cenário palatável para aumento de ICMS, o industrial fez uma reticência:
- Se o governo encaminhar as reformas estruturais, como a previdenciária e a educacional...