Parece pouco festejar o que já se tinha, afinal o contrato para montagem das plataformas P-75 e P-77 em Rio Grande havia sido assinado ainda em 2013. Mas diante dos sinais de que a Petrobras está revisando profundamente sua forma de fazer negócios, o risco de perda era real e imediato. Para ter uma ideia dos cuidados, o acerto com a QGI saiu no início da tarde, mas a oficialização demorou até a noite desta quinta-feira.
Todo o processo foi marcado por momentos de tensão, tanto nas mesas de negociação, em torno das quais não faltaram palavras duras, quanto em ações drásticas como o acorrentamento do presidente do sindicato dos metalúrgicos de Rio Grande no portão da QGI. Na Petrobras, o cerco do Tribunal de Contas da União à farra de aditivos que reinava até há pouco na estatal impunha restrições.
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Na QGI, alegava-se que a empresa já havia perdido dinheiro com contratos anteriores, o que barrava qualquer hipótese de absorver perdas, mesmo inferiores a 10% do total de US$ 1,6 bilhão do contrato. Ainda não se conhecem os detalhes do acordo. Secretário do Desenvolvimento, Fábio Branco indagava-se sobre o percentual de contratações fora do Estado. Mas dizia estar aliviado:
- É uma ótima notícia para o Estado e a autoestima da região. Vão-se os anéis, ficam os dedos.
Por volta das 21h desta quinta-feira, a Petrobras só comentava que negociação estava "em curso". Sindicalistas e forças políticas distintas se uniram para assegurar a montagem no Estado. Será importante confirmar que o acordo é vantajoso para a Petrobras, para a empresa, para o Estado e para brasileiros e gaúchos. Não é hora para facções e bairrismos.