Não é por ter um feriadão que esta semana será tranquila na economia. Na véspera da folga, o Banco Central (BC) pode acrescentar pressão ao cenário recessivo com uma elevação no juro básico. O foco nessa decisão começou a ser afinado ainda na sexta-feira, logo depois da divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. Empresários e analistas ligados ao setor produtivo aproveitaram a carona do período no vermelho para argumentar que, nesse cenário, não cabe outra elevação de juro.
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A aposta do mercado financeiro é diferente. Com a inflação projetada para mais de 8% neste ano, a tendência é de nova elevação do juro para garantir um "sossega-dragão". Os sinais dados pelo BC estão mais para o lado do mercado financeiro do que do setor produtivo.
Desenhada para conter o aumento de preços, a alta do juro adiciona gravidade à queda na economia. O crédito mais caro diminui tanto o apetite pelo consumo quanto pelo investimento, dois indicadores que mostraram sua face negativa no primeiro trimestre. No consumo das famílias, pela primeira vez em 12 anos. No investimento, há 21 meses seguidos.
Depois do resultado do PIB, muitos analistas começaram a rever as projeções de retração para o ano. Até o alinhamento do governo com a projeção de mercado, de recuo de 1,2%, sugere que esse número deve ser revisto. A gradação do aperto é essencial para definir a profundidade e a duração da recessão. E o BC é um ator essencial nesse processo.