Em reunião na manhã desta sexta-feira (15), o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí apresentará à direção da General Motors um pacote de propostas para tentar garantir a manutenção do terceiro turno na unidade industrial da cidade, na Região Metropolitana. Segundo o presidente da entidade, Valcir Ascari, caso a empresa confirme o fechamento do terceiro turno, cerca de 1,5 mil trabalhadores deverão ser dispensados. Em toda a cadeia produtiva, a estimativa da prefeitura é que cerca de 3 mil vagas diretas possam ser fechadas.
- A ameaça de desemprego é a comprovação de que a crise é aguda, que chegou na ponta. Estamos no fundo do poço - afirma o prefeito de Gravataí, Marco Alba.
Com o objetivo de mobilizar as lideranças políticas e empresariais da cidade, a Câmara de Vereadores sediou na tarde desta quinta-feira (14) uma audiência pública, que contou com a presença de cerca de 120 pessoas, entre políticos, sindicalistas e empresários. Autor da iniciativa, Ascari defendeu a ideia de que os setores se unam para buscar a manutenção não só do terceiro turno da GM, mas também da sustentabilidade da economia local em médio e longo prazo:
- De que adianta conseguirmos a manutenção do terceiro turno e, daqui a pouco, voltarmos a enfrentar o mesmo problema? - questiona Ascari.
A partir da reunião, foi constituído o chamado Comitê para Enfrentamento da Crise, que além do sindicato e da Câmara ainda contará com a participação da prefeitura. Segundo Marco Alba, a GM sozinha responde atualmente por cerca de 50% da arrecadação do município. Considerando os sistemistas, empresas que compõem a cadeia automobilística, o índice chega a 60%. Por isso, diz o prefeito, quando a crise passou a afetar o segmento, especialmente nos últimos dois anos, a economia local foi atingida "em seu coração".
Depois de crescer a "taxas chinesas" entre 2003 e 2012 (na faixa de 14% ao ano), na primeira década de operação da GM em Gravataí, a cidade sentiu os primeiros efeitos da retração econômica do país nos dois últimos anos. Em 2013, segundo o prefeito, o crescimento na arrecadação em relação ao ano anterior caiu para 8,68%. Já em 2014, na comparação com 2013, a variação foi de 7,13% - apenas 0,72% acima do IPCA (6,41%).
Da mesma forma que a arrecadação, o índice de retorno do ICMS para o município vem registrando quedas consecutivas. Em 2013, a taxa foi 4,16% menor do que em 2012. Em 2014, caiu 18,26% em relação a 2013. Para 2015, há uma projeção de queda de 20,7%.
- Ou o governo estadual ou federal nos ajuda, e impõe medidas que estanquem a crise e volte o consumo, ou o desemprego vai ser muito agudo em Gravataí e na Região Metropolitana - prevê Marco Alba.
Nas próximas semanas, com o objetivo de sensibilizar o governo do Estado para a situação enfrentada pela indústria automotiva de Gravataí, lideranças locais tentarão agendar audiências no Piratini e na Assembleia Legislativa. Nesta quinta, o líder dos metalúrgicos manteve contato com lideranças estaduais na capital federal.
- Esta é uma luta suprapartidária. É uma luta da comunidade de Gravataí. Temos de fazê-la chegar em Brasília - defendeu Ascari.