Apontado por líderes governistas como um insuflador do radicalismo no movimento dos caminhoneiros, o PP do Rio Grande do Sul nega que seus deputados estejam tentando inserir nos protestos a pauta da oposição a Dilma Rousseff exercida pela sigla no Estado, dissidente em relação à postura da direção nacional do partido, que está no governo federal.
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Além de ter três deputados federais (Luis Carlos Heinze, Covatti Filho e Jerônimo Goergen) e dois estaduais (Frederico Antunes e Marcel van Hattem) atuando na interlocução das reivindicações dos motoristas, o PP administra as duas cidades nas quais houve conflito mais intenso com as forças de segurança: Três Cachoeiras, na sexta-feira passada, e Camaquã, na segunda-feira.
Segundo o presidente estadual da sigla, Celso Bernardi, a conexão do partido com as manifestações é "natural" diante do DNA do PP gaúcho, historicamente ligado ao agronegócio e aos setores produtivos:
- É normal que os caminhoneiros busquem deputados do PP, ainda mais no Rio Grande do Sul, por ser oposição a um governo com o qual eles têm atrito. O partido não incentiva e não concorda com nenhum tipo de hostilidade, mas não podemos deixar de dar apoio a uma categoria tão importante. A hostilidade está partindo do próprio governo federal, que mandou a Força Nacional coibir os protestos mesmo sem que o governador tenha pedido.
Ação é política, afirma deputado
Alguns deputados procurados pelos motoristas têm dado demonstrações de que buscam na defesa da categoria oportunidade de desgastar o governo federal. Em audiência pública, na segunda-feira passada, o deputado estadual Marcel van Hattem, novato na Assembleia, discutiu com o petista Luiz Fernando Mainardi, ex-secretário da Agricultura, e afirmou que o movimento dos caminhoneiros é, sim, político.
- Os caminhoneiros são heróis do povo brasileiro - enfatizou Van Hattem.
Natural de Uruguaiana, cidade que conta com forte influência dos caminhoneiros, o deputado estadual Frederico Antunes é mais cauteloso no discurso e afirma que a falta de diálogo do governo com os manifestantes faz com que o movimento se expanda:
- Somos contra a violência, e acho que os dois lados não podem passar dos limites. A revolta dos caminhoneiros está se somando à das pessoas que estão pagando mais energia elétrica, mais combustível. O governo está jogando o movimento nos braços do povo.