Prevaleceu o bom senso no episódio das declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre a "efetividade" presidencial. Ainda bem. Se há algo dispensável, no cenário atual, é um estresse gratuito sobre frases soltas. Há várias e sérias discussões a travar sobre os rumos do ajuste econômico, inclusive sua duração e a profundidade de seus efeitos.
Depois daquele breve namoro com a ideia de que o tempo do Brasil havia chegado, entre 2010 e 2011, e que o país do futuro desembocara no presente, a crise mandou o Brasil de volta para o futuro. Agora, não se trata de desfrutar de uma situação construída com muito esforço, mas voltar a construir com muito esforço uma situação a desfrutar. É com esse foco que a vida segue, os negócios tentam reencontrar seu ritmo e o país começa a se habituar com a ideia de que o nível de atividade caia 1% neste ano, como situa a projeção divulgada ontem pelo Banco Central.
É quase a mesma queda registrada em 2009 pela metodologia anterior de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). Naquele ano, muita gente foi afetada pela primeira onda recessiva da crise global. Neste ano, pode ocorrer algo parecido. Mas é bom lembrar que, depois de 2009, veio 2010 e sua "decolagem" de 7,5% (ainda pelo cálculo antigo). Ninguém antevê esse mesmo cenário para 2016. Mas o certo - que até o implicante Financial Times reconheceu na semana passada - é que o Brasil ainda tem um futuro.