Em um dos dias mais tensos deste início de ano conturbado, o dólar tocou os R$ 2,92 nesta terça-feira. Ainda está longe do valor nominal (contada a inflação, então, nem se fala) da altura que alcançou na campanha eleitoral de 2001, mas é mais uma pressão sobre os preços. E, ao mesmo tempo, é uma boa notícia para a indústria gaúcha, marcada pela exportação.
Um dos motivos para a alta do dólar por aqui foi a tensão pré-lista, ou seja, a espera e a especulação sobre a relação dos políticos que teriam recebido dinheiro de empreiteiras via desvios da Petrobras, conforme investigações da Lava-Jato.
E hoje, dia dos estilhaços de escândalo, chega ao Brasil um grupo com quase a mesma importância das missões do FMI no passado. São representantes da agência de classificação de risco Standard & Poors, que têm reuniões no Banco Central e na Fazenda.
Está nas mãos desse tipo de agência o futuro do financiamento externo do Brasil, num dos momentos em que o país mais precisa de recursos internacionais para fechar suas contas. Além da S&P, a Moody's (que na semana passada rebaixou a Petrobras para grau especulativo) e a Fitch são, ainda, os oráculos mais representativos, a despeito do desgaste de imagem durante a crise dos subprime.
Para tentar evitar o prejuízo do rebaixamento da nota de crédito do Brasil, o Planalto optou pela estratégia maquiavélica (inspirada em Machiavel) de fazer todos os males de uma só vez, para colher eventuais benefícios mais tarde e aos poucos.
O custo político é alto, como se viu na terça com a inusual decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, de não aceitar a MP que reduz o alívio tributário sobre a folha de pagamento. Ou terá Renan se tornado um paladino do emprego?