Para quem terá de lidar com risco diário de curto circuito, com possibilidade de desligamento da rede a curtíssimo prazo - considerando o ritmo do segmento -, o novo presidente da CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, mostrou bastante calma ao tomar posse nesta sexta-feira. Não avançou muito no detalhamento nem da situação em que assume uma das maiores e mais problemáticas estatais do Rio Grande do Sul nem deu mais pistas de seu plano tático-operacional.
Mas sua diretoria já deu um dado que ajuda a dimensionar a voltagem do desafio que vai encarar. As perdas não-técnicas - resultantes de ligações clandestinas (gatos) e furto de energia (fraudes em medidores) da companhia chegam a 18%, enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reconhece na tarifa - ou seja, admite cobrança extra por essa perda - de apenas 6%. Ou seja, é um indicador três vezes pior do que o desejado.
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Quem conhece a realidade dos demais indicadores de qualidade da companhia, como o ex-presidente da CEEE Sergio Dias, sabe que a situação dos demais é igual ou ainda pior. Esse será um dos principais problemas a resolver se a estatal quiser se manter como distribuidora de energia. A concessão da CEEE para distribuição vence no dia 8 de julho. Até lá, a empresa terá de fazer um trabalho de fôlego para se manter no negócio.
- O plano tem de ser muito consistente, e acompanhado de ação política. Se a Aneel olhar a letra fria da lei, não renova - adverte Dias.
No governo, há quem conheça bem a voltagem desse desafio. Mas é preciso que toda a sociedade conheça a situação da empresa que ajuda a sustentar, ou como consumidor ou como contribuinte. Até para poder formar seu próprio juízo sobre o melhor futuro para a empresa. Outros ex-dirigentes que conheceram bem os gargalos de eficiência da estatal lembram com certa ironia do episódio do aumento do salário do governador, que subiria de R$ 17,3 mil para R$ 25 mil. Na CEEE, há pelo menos 150 servidores que recebem entre R$ 17 mil e R$ 20 mil - alguns chegam a R$ 30 mil.